DAVID GRUBBS + ANTÓNIO CONTADOR E CALHAU!
Um dos grandes baluartes das músicas independentes, da vanguarda da canção, à música electrónica, à experimentação electroacústica, David Grubbs tem um impressionante currículo no último par de décadas. Membro fundador de várias unidades criativas marcantes dos anos 80 até hoje, caso dos Squirrel Bait, Bastro ou Gastr Del Sol (com Jim O'Rourke), Grubbs foi também membro de unidades como os Red Krayola (de Mayo Thompson) ou os Palace (de Will Oldham). Estudioso do esqueleto da canção, o seu corpo de trabalho tem sido esteticamente fundamental para a evolução formal da mesma. Procura laborar e pesquisar fenómenos sonoros, criar composições no campo da exploração electrónica e acústica, ao mesmo tempo que mantém a excelente editora Blue Chopsticks, que tem vindo a publicar peças fulcrais de compositores e artistas tão incontornáveis, da composição moderna ao jazz de vanguarda, quanto Luc Ferrari, Derek Bailey, Noel Akchoté ou Mats Gustafsson.
Para além de docente em várias faculdades e seminários, Grubbs é ainda um jornalista com obra no campo das artes visuais, literatura e crítica de música, em publicações como a Bookforum ou a Purple. Tem tido obra exposta em várias galerias norte-americanas, tanto como em fundações europeias, como o Centre Pompidou. Desenvolveu também, e já por várias vezes, trabalhos de banda-sonora para filmes.
Para o particular deste concerto, David Grubbs irá tocar guitarras acústica e electrónica para as suas canções, no que será uma tardia e oportuna estreia nacional.
editora http://www.dragcity.com/artists/david-grubbs
@Ubu.com http://www.ubu.com/sound/grubbs.html
video (ao vivo) http://www.youtube.com/watch?v=eOAxfCcTwsQ
Parceria feita no céu entre os artistas nacionais António Contador (actualmente residente em Paris) e o duo de Marta e João Alves Calhau, cruza um interesse genético no freeform, técnicas vanguardistas de comédia stand-up, canção portuguesa, poesia absurda, carpintaria naïf e noções performativas pagãs, ritualistas, charlatãs e profundamente revelatórias, entre uma data de outras coisas que eles ainda não sabem o que vão ser. Almas e barbas gémeas que se conhecem e iniciam um contínuo e imensamente produtivo trabalho em conjunto de há mais de um ano para cá, irão apresentar-se nesta circunstância a tocar exactamente à mesma hora, no mesmo dia, em Lisboa (António Contador) e numa gruta no Porto (Calhau!).
Paralelamente a isso, cada espectáculo irá ter uma componente de vídeo feita neste registo colaborativo, que se irá estender de uma forma particular no tempo, sendo que “os dois momentos [Contador em Lisboa, Calhau! no Porto] serão copulados e do coito nascerá um disco ao vivo”. Imaculada concepção em directo no Museu do Chiado.
site oficial http://www.antoniocontador.net/
myspace http://www.myspace.com/calhau
myspace http://www.myspace.com/chumbochumbo
video http://www.youtube.com/watch?v=Anhsl6so_RQ
AFONSO SIMÕES e MANUEL MOTA ANA SANTOS e PEDRO BARATEIRO + BERNARDO DEVLIN + DJ MARFOX + JOOKLO DUO e TIAGO MIRANDA + KAZIKE + KOTALUME + NORBERTO LOBO TRIO + NUNO REBELO e MARCO FRANCO + PCF MOYA + PHOTONZ + PORTABLE AKA BODYCODE + SEI MIGUEL: ACALANTO 5: RITO E REALIDADE + STELLAR OM SOURCE + THE ACT-UPS + TIME MACHINE + TÓ TRIPS
Dois da frente da batalha lisboeta e europeia e global na procura de novas formas de expressão na música improvisada, num trabalho em duo que já levo ano e meio. Afonso Simões (bateria) e Manuel Mota (guitarra) alinham conhecimento profundo de psicadelismo, rock abstracto, free jazz e formas intangíveis outras para rasgaram pelo desconhecido e atingirem comunicação nova. É fogo, baby.
myspace http://www.myspace.com/phoebuss
myspace http://www.myspace.com/manuelmota
video ao vivo no Barreiro http://www.youtube.com/watch?v=HkjUu8Bg5cI
video no estúdio http://www.youtube.com/watch?v=JBMEhzjWJVo
"olá pedro, a performance que vou fazer com a ana santos ainda está a ser definida, temos estado só a trabalhar algumas ideias que partilhamos. a primeira vez que colaborámos, foi um convite que tive para uma exposição e decidi fazer uma peça que já tinha pensado há algum tempo chamada 'desenho executado por outro artista', onde eu dou as direcções a outro artista para uma performance onde este manipula grandes pedaços de papel. a performance para a avenida deverá ser algo que vem de algumas ideias que existem no meu trabalho e no da ana e que tem a sua origem na forma como, tanto eu como ela, usamos o desenho como uma manifestação da performatividade do trabalho criativo. abraço, p"
blog http://pedro-barateiro.blogspot.pt/
Trovador urbano, mito lisboeta, poeta de universos íntimos e maestro da oscilação baladeira, Bernardo Devlin é dos grandes criativos da canção portuguesa moderna, olhando para ela como avenidas y avenidas de possibilidades de expressão única, distintamente nossa. Algures entre a pop, o pesadelo, o sonho e o mar, tem a coragem de cantar coisas em português que outros guardam para dentro. Traz-nos poesia e crueza, para mais uma expurga pública na capital.
myspace http://www.myspace.com/bernardodevlin
video "À Altura dos Olhos" http://www.youtube.com/watch?v=Ld2YWdQpL7o
video "Ashcream" ao vivo c/ Poppy http://www.youtube.com/watch?v=7MTx-aZOElE
Produtor de tudo o que é beat para rebentar com qualquer pista, mas especialista de ponta em kuduro e funaná digital, DJ Marfox é uma figura pivotal nas músicas africanas contemporâneas de dança nascidas na periferia de Lisboa. Em nome próprio ou com o seu colectivo DJs di Ghetto, Marfox é mito urbano, produtor exímio (para gente como Kotalume ou N'Gapas) e aqui apresenta-se para um set de funaná e kuduro. Definição e impacto máximo na pista da Avenida.
video http://www.youtube.com/watch?v=cb1l4WdrabY
Formação italiana do mais feérico, contemporâneo e libertador free jazz, que tem estado numa rota imparável de actuações ao vivo e edições discográficas, aqui num trio apliado a quarteto por Tiago Miranda em percussão e sintetizador, para lá de bateria, sax, quinquilharia e objectos mágicos vários.
site oficial http://jooklo.altervista.org/
editora http://troglosound.altervista.org/
video Marghera, Venice http://www.youtube.com/watch?v=7UswNPNt5TY
video Canedicoda halles, Treviso http://www.youtube.com/watch?v=_WVnYqArQok
ruby red label myspace http://www.myspace.com/rubyrededitora
ruby red label site http://www.freewebs.com/rubyredlabel/
Construtor de sintetizadores modulares há décadas, colaborador regular na mesa de mistura de todos os grandes no arranque do krautrock, Kazike vive há anos escondido em Lisboa a fazer à mão as suas gigantes máquinas de osciladores, LFOs, inputs e outputs. A sua música é do cosmos da electricidade pura, a sua narrativa a da surpresa e da hipnose analógica, o seu aparato o de um cientista zen do som absoluto. Rara aparição ao vivo de uma lenda secreta.
site oficial http://www.cluboftheknobs.com/
video ao vivo no CCB http://www.cluboftheknobs.com/videos/destruction.mpg
video ao vivo no CCB II http://www.cluboftheknobs.com/videos/fear2.mpg
Projecto de Adilson Moreno, dedicado a produções de funaná electrónico, funaná ao estilo de Ferro Gaita e kizomba. A voz de Adilson, de um monocordismo estranhamente festivo (desculpem a descrição) regula os beats, nos quais tem vindo a trabalhar sozinho e com vários DJs da periferia lisboeta, como é o caso de Marfox. O homem tem centenas de músicas feitas na cabeça, e cada vez que põe uma em fita cai-nos o queixo. Aqui será mais um capítulo do bailarico escavacante que são as actuações de Kotalume.
myspace http://www.myspace.com/kotalume
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=Qu_Dpi6B-ik
Músico decisivo no Portugal desde década, Norberto Lobo faz corações chorar e acreditar que somos bonitos e grandes em tempos de trevas (mesmo que seja o tipo de trevas que tem bom tempo no Verão). Apresenta-se aqui numa rara formação de trio, com ele na guitarra eléctrica, Ana Araújo nas teclas, e Marco Franco na bateria.
video http://www.youtube.com/watch?v=VCO6LN5W1eo
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=k6D6h7rOr_o
Duo fundamental da música improvisada nacional, Nuno Rebelo (guitarra) e Marco Franco (bateria) têm explorado a elasticidade do som e da expressão, as dinâmicas entre o discernível e o acusticamente inefável, para bem da liberdade, abertura e crescente tolerância de todos os que os testemunham. Duas linguagens extraordinariamente carismáticas, num duo com grande influência, história e personalidade. Sempre um prazer vê-los.
myspace http://www.myspace.com/nunorebelo
myspace http://www.myspace.com/arcofranco
video http://www.youtube.com/watch?v=H5LO-BtguH0
Viajante das estrelas, príncipe barreirense da melancolia, e fundador da instituição Frango, PCF Moya vem à Avenida fazer o seu primeiro solo a Lisboa em tempo demais. Gravações recentes revelam matemáticas cósmicas a entrar na sua etérea rede ambient, onde, como o próprio indica, Manuel Goettsching se cruza com o Fahey tardio, com Loren Connors e com o Riley mais flutuante. Trip-out dolente de um dos mestres nacionais deste século.
myspace http://www.myspace.com/pcfmoya
editora http://www.myspace.com/searchingrecords
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=BW-CMjon1hU
video a vivo c/ Manuel Gião http://www.youtube.com/watch?v=4VQwLFQ2T88
Duo lisboeta de produtores e DJs, os Photonz andam a rebentar Acid, Chicago House e em festas de Jack de há uns anitos para cá, mas 2008 corre o risco de ser o ano do início da sua afirmação, tanto cá, como pelo universo ocidental do house underground. Estudiosos da história, viventes do presente e feiticeiros para o futuro do beat, Photonz são das unidades mais criativas da música de dança nacional, aqui num DJ set que deve cheirar a old school (mas nunca se sabe, e ainda bem).
myspace http://www.myspace.com/photonz
myspace ZONK http://www.myspace.com/tamborzonk
Sul-africano residente em Lisboa, e figura fundamental do techno minimal nos últimos anos, Alan Abrahams tem trabalhado miscigenações muito particulares de micro-house, aglutinadas com ritmos tribais africanos enviesados, com canções de coração aberto para o amor na pista. Aqui, um concerto em formato live, nas últimas horas da Avenida.
myspace [http://www.myspace.com/bodycodemusic98http://www.myspace.com/bodycodemusic)
editora http://www.ghostly.com/
podcast http://static.ghostly.com/media/mp3/ghostlycasts/ghostlycast4.mp3
Trompetista e génio do jazz contemporâneo residente em Portugal, no mês de alta rodagem deste seu novo projecto, Acalanto 5, com actuações na ZDB, CCB e no Festival Sonic Scope. A formação será a de Sei Miguel (pocket trumpet), Fala Mariam (trombone), João Castro Pinto (piano total), Pedro Lourenço (baixo eléctrico) e César Burago (percussão).
site oficial http://rt2.planetaclix.pt/seimiguel/enter.html
video ao vivo no Sonic Scope http://www.youtube.com/watch?v=JOaSPj9DiL4
Projecto a solo de Christelle Gualdi (Mean Motion), criatura celeste ambulante pelo mundo caucasiano, em busca de revelações cósmicas metafísicas, da purificação transcendental e do aperfeiçoamento do metodismo ritualista. Trabalho de voz, sintetizadores e trip beatífica, Stellar Om Source é convidada estrangeira repetente na Avenida, depois do estrondo que foi a sua actuação a 13 de Julho de 2007.
video ao vivo no Dead by Audio Space http://www.youtube.com/watch?v=wkwbI_UEtVg
video Pogo in Togo Video Flyer http://www.youtube.com/watch?v=gtjE4t-qizQ
Tropas e porta-estandartes do rock português que interessa, partindo do Barreiro - terra de sonho e futuro - para emissões um pouco por todo o lado. Com novo disco aí a aparecer, 'The Act-Ups Play the Old Psychedelic', trazem uivo, groove, salvação suburbana e provavelmente várias grades de cerveja. Vão tocar no nosso setting favorito para os ver - com toda a gente encafuada numa sala pequena, com demasiado calor, sem paredes para conter a mensagem do Senhor - Nick Nicotine.
editora http://www.myspace.com/heypachucorecords
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=Hv5kMU-95WM
Trio de garage-rock veia 60s a rebentar da garagem lusitana com paixão por freakbeat, psych e torranço psicotrópico. Canções para o vovô e prá criança, em estreia pública absoluta. É uma honra.
myspace http://www.myspace.com/ostimemachine
Rita Hot Pussy", Dead Combo, lendário rockeiro e a definição de BACANO, Tó Trips recentemente lembrou-se de ir sozinho para o palco com as suas guitarras Gretsch lindíssimas, um espanta-espíritos, drum machine, pedal de loops e uns filmes bonitos em fundo. Quando o apanhámos no Maxime Cabaret foi dolência do Tejo vintage. Nesta noite da Avenida, não poderia ser festa sem romance rock'n'roll, e não podia ser Lisboa sem a guitarra do Trips com gente dentro, em passado, presente e improviso.
myspace http://www.myspace.com/totripsguitar
video ao vivo no Music Box http://www.youtube.com/watch?v=uCP4QeRUTKk
LSD MARCH + IGNATZ
Provenientes de Himeji, Japão, os LSD March (nomeados a partir de uma faixa clássica dos kraut-rockers Guru Guru) são uma das fundamentais formações do rock japonês contemporâneo.
Descendentes de uma linhagem recentemente celebrada pelo analista rock Julien Cope em 'Japrocksampler', a que pertencem Les Rallizes Denudes ou Flower Travelling Band, os LSD March são essa extensão de tempos correntes de um movimento muito particular. Um ponto no tempo e no espaço onde se cruzam rock psicadélico extraordinariamente pesado, baladas provenientes da folk britânica e nipónica, bem como de um trovadorismo assassino com outras correntes políticas e criativas - as suas bandas paternas nos anos 60-70 associavam-se a guerrilhas urbanas de extrema-esquerda, à indústria softcore da época e a gangs de motards. Se a violência das condicionantes de há mais de 30 anos que levaram aos motins estudantis da época não se mantém, a estética de rebelião e contra-cultura permanece tão forte quanto nunca no Japão, mesmo que noutros moldes.
Trio de voz, baixo, bateria e uma guitarra tão doce quanto lancinante (da responsabilidade do líder Shinsuke Michishita), os LSD March têm já vários discos editados numa série de excelentes editoras norte-americanas e europeias de rock underground. Uma das grandes tradições de recusa e criatividade do último meio século de música vanguardista, aqui num dos seus expoentes máximos actuais.
myspace http://www.myspace.com/lsdmarch
video http://www.youtube.com/watch?v=6f7HwL0VaQQ
Bram Devens, o artista por detrás da persona Ignatz, é um músico belga, que lançou em 2007 o seu segundo álbum de longa-duração, 'II', pela K-RAA-K Records. Pegando nas matrizes cruas e basilares do blues do Mississipi delta, como vistas por Blind Willie Johnson, Charley Patton ou Robert Johnson - falamos do espectro harmónico da guitarra, da crueza com que é tocada -, aglutina-as com uma série de outros elementos. Atribuí-lhes um universo contemplativo, meditativo, em que o que um dia eram lamentos cortantes e sucintos são agora meditações de dor e redenção, num universo de efeitos, sujidade cósmica e exploração tímbrica elevada em lentíssima psicadélia - um Captain Beefheart no espaço, um Syd Barrett com ainda mais adereços sonoros.
Cruzando a presença telúrica e terrena comum a qualquer um e entendendo a ligação transcendental que vive oculta e por rebentar a cada momento em todos nós, Ignatz é esse canal mágico que vai do solo ao espaço em busca da origem de tudo o que fomos, somos e voltaremos a ser. Esta é a sua terceira vinda a Portugal, depois de uma estreia no festival Where's the Love na Galeria Zé dos Bois, e de uma participação na edição de 2008 do Out.Fest, no Barreiro.
myspace http://www.myspace.com/ignazt
editora http://www.kraak.net/en/releases.php?ID=31
video http://www.youtube.com/watch?v=ePfeeThpXp8
AKI ONDA + CÉSAR BURAGO + SEI MIGUEL
site oficial http://www.akionda.net/
video http://www.youtube.com/watch?v=6CyDJ-Ik_eE
site oficial http://rt2.planetaclix.pt/seimiguel/enter.html
editora http://www.creativesourcesrec.com/reviews/reviews_067.html Criticas a "Tone Gardens"
video http://www.youtube.com/watch?v=JOaSPj9DiL4
RELIGIOUS KNIVES + GALA DROP
Na história, andamos sempre às voltas (tal como na revisão da história, à qual esta frase não à excepção) nos processos de construção, reconstrução e renovação da produção artística. Por vezes, fases do trabalho de determinados criadores e projectos tornam-se obsoletos quando uma mensagem é finalizada, quando um súmulo de raciocínios e ímpetos são cristalizados em formas finais (ou perto disso); os que procuram o novo vivem uma vida de constante insatisfação, que possibilita uma constante satisfação quando se lhe junta a necessidade e a realidade da acção - são, na maior parte dos casos, esses os trilhos mais interessantes de serem seguidos para quem busca o novo.
Um pouco como os Magik Markers - no que ao percurso concerne -, os Religious Knives, tanto pelo início de carreira como pela banda prévia dos seus dois escritores de canções (os Double Leopards de Mike Bernstein e Maya Miller), abandonaram explorações pararrítmicas e freeform, onde as palavras nunca se chegavam a formar e um Om psicadélico, urbanamente ritualista guiava o seu rumo.
Desde o seu penúltimo registo, 'It's After Dark' até o mais recente 'The Door' (editado pela Ecstatic Peace), que a sua mensagem é vocabular, é algo que encontrou a sua forma no universo da canção - com muitos twists. Por saberem demais de música para apenas refazerem o que está para trás (e como o seu trabalho prévio o prova), os novaiorquinos Religious Knives, quarteto de guitarra, teclas, baixo e bateria (a cargo de Nate Nelson, dos fantásticos Mouthus), pegam em várias linhagens de canção maldita para edificar a sua gramática cancionetista. Uma assemblage narcótica do psicadelismo dos anos 70, do prog menos barroco e mais rockante, da música de sintetizadores das décadas de 70 e de 80, a ambientes punitivos descendentes dos Sonic Youth e Swans em início de carreira.
Resiste a esta coligação um ritmo diferente, uma cadência própria, harmonias invulgares - sensações diferentes (o que mais importa, a raiz de tudo o que almeja longe e original). Em estreia nacional, e a fechar uma digressão europeia de três semanas com os lisboetas Gala Drop, os Religious Knives vêm demonstrar porque é que o trono de Brooklyn mora em sua casa.
myspace http://www.myspace.com/religi0usknives
editora http://www.discogs.com/label/Heavy%20Tapes
video http://www.youtube.com/watch?v=Cpmtbd1nMSw "Downstairs" ao vivo
video http://www.youtube.com/watch?v=cxFLo3SHVlE "The Sun" ao vivo
A originalidade, torna-se menos fácil discernir hoje em dia, é uma qualidade rara. A singularidade em relação ao que está para trás e ao que vai acontecendo a que alguns conseguem chegar, num determinado ponto do tempo, numa determinada circunstância, é algo que resulta, nos seus pontos mais altos, de trabalho sério, ritualizado, aberto, dedicado. É o produto maturado da espontaneidade, a autoridade tangível na estranheza, fruto do tempo e de um contínuo espírito progressivo.
Na música, parecem haver elos comuns em vários dos mais inovadores discos realizados. A criação de um objecto sonoro que reúne uma panóplia de influências – neste caso vastas, vastas -, a necessidade de se afirmar algo premente e previamente inaudito, a vontade de fazer música que os próprios artistas querem ouvir mas que ainda não existe (porque tanta da melhor música é feita por aqueles que mais a amam).
Os Gala Drop, de Nelson Gomes, Tiago Miranda e Afonso Simões, são três músicos, figuras e activistas de uma Lisboa que ainda está para ser seriamente entendida e analisada por quem anota a história. Uma Lisboa e um Portugal da primeira década deste milénio que soube (sabe, continuará a saber) mover, revolucionar e mobilizar-se para os trilhos do desconhecido, e aí rasgar novas avenidas de criação musical.
O seu disco de estreia será (já é) um clássico desta Lisboa difícil de entender à primeira (como sempre nos momentos de avanço). Obra perfeitamente acabada, pensada, maturada, ensaiada e laborada, reúne campos estéticos, rituais e práticas previamente longínquos entre si. Orquestras de sintetizadores, do kraut e kosmische germânicos ao inferno de teclados dos franceses Heldon, do tribalismo percussivo da música psicadélica e de algum free a um conhecimento profundo de décadas de música de dança, das técnicas de processamento do dub jamaicano a uma sensibilidade extraordinária a recursos sonoros e mistura adicional (aqui a cargo de Rafael Toral, também com créditos de masterização).
O léxico da banda, sendo um agrupamento orgânico de todas estas linguagens, é algo exclusivo dos Gala Drop. As métricas de groove e backbeat do trabalho de bateria de Afonso Simões e das percussões de Tiago Miranda, o entendimento ululante das frases dos sintetizadores e teclados deste e de Nelson Gomes, a sensibilidade na escolha de samples trabalhados e recontextualizados que perfazem as bases de algumas das peças aqui apresentadas, a noção narrativa na sequenciação e estrutura das faixas, ordem franca que conseguem concretizar em terreno estético virgem.
Este disco homónimo é então esse registo raríssimo, em que novas trajectórias, possibilidades de irmandade estilística e reunião de géneros se aglutinam num disco da mais pura liberdade, arrojo e dedicação. É um clássico desta Lisboa, mas acima de tudo (e é isso esta década da música independente nacional, quando no seu melhor) um clássico desta década da música urbana contemporânea. É matéria de revelação a que os Gala Drop criam, é parte vital dessa iluminação este disco, é fundamental entendê-lo no seu momento, é fundamental entendê-lo agora. Esta aparição da banda no Museu do Chiado marca a última actuação da banda antes do lançamento deste pedaço de história.
myspace http://www.myspace.com/galadrop
video http://www.youtube.com/watch?v=f8lPeA97PqY ao vivo na AVENIDA
SIX ORGANS OF ADMITTANCE + WOODEN SHJIPS + SIC ALPS
Cada tempo e cada época têm, para lá de tanta música maravilhosa, músicos brilhantes e personagens carismáticas, um outro tipo de entidade. Se olharmos para um período particular da nossa vida, há, antes de todas as outras pessoas, figuras que se destacam no meio de milhões de informações vitais. São avatares incontornáveis que representam o que de mais significativo aconteceu num dado momento no tempo.
Ben Chasny, na primeira década deste milénio, é uma dessas figuras que marcam anos de música, som, recuperação de léxicos e avanço estético. Enquanto escritor de canções e guitarrista, é dos criativos mais marcantes dos últimos anos largos, responsável pela guitarra estelar dos enormes Comets on Fire, e pela concepção e concretização de Six Organs of Admittance, seu veículo artístico a solo.
Cruzando idiomas que tanto vão do rock sulista americano, à psicadélia west coast dos 60s e 70s, ao primeiro disco de Danzig (que o homem adora, e dá para ver na voz), ao free jazz, a centenas de clássicos perdidos do rock mais mutilado e catártico, Chasny dá asas a um uso de total mestria na guitarra acústica e eléctrica (algures entre Robbie Basho e Keiji Haino).
Com clássicos para trás como ‘Dark Noontide’ ou ‘School of the Flower’ (o tal que tem “Lisboa” lá dentro), Chasny está neste momento a preparar o seu próximo registo, que sucede ao magnífico ‘Shelter From The Ash’, realização altamente evoluída e desenvolvida que passou ligeiramente despercebida da crítica, mas que é um disco do caraças. Regressa a Portugal depois de várias passagens memoráveis (poucos sítios gostam e compreendem tão bem Chasny como o povo daqui) por cá, numa formação fantástica em trio com Elisa Ambrogio (Magik Markers) e Alex Neilsen (Directing Hand, Tight Meat Duo). É isso aí.
site oficial http://www.sixorgans.com/
myspace http://www.myspace.com/sixorgans
editora http://www.dragcity.com/
video http://www.youtube.com/watch?v=mtO8SoFpPPg"Eight Cognition All You've Lef"
video http://www.youtube.com/watch?v=yiVnrR8xcjAao vivo em Ravenna
Dos tipos de rockeiros que um gajo mais grama são os geeks dos discos. Quando são a sério - os únicos que interessam - o grau de obsessão pela coisa caminha algures entre o comovente e o doentio. Contudo, quando a malta com mais cabeça do que já é um nicho decide formar uma banda, é muito raro que a coisa não corra muito bem.
Os Wooden Shjips, pela música e por alguns depoimentos a que já tivemos acesso, são quatro fulanos completamente devotos à causa. No seu som, todo ele trip corrosiva e celebração do power transcendental da distorção - blocos de som em fogo -, ouvimos os Spacemen 3 de "Revolution", o sabre de overdrive da guitarra de Les Rallizes Denudes, os teclados narcóticos dos Doors e a escola declamativa de Morrison, o abandono opiácio dos solos dos Velvets. Têm a ciência do riff mortal afinada até à quinta casa, estão batidos no ritual da hipnose, e soam a gente que gosta de partir merdas (bom).
Um torranço psicadélico como São Francisco não via há muito tempo, na melhor cidade do mundo para torranço psicadélico. Há cerveja no andar de cima.
site oficial http://www.woodenshjips.com/
myspace http://www.myspace.com/woodenshjips
editora http://www.holymountain.com/
video http://www.youtube.com/watch?v=eJMFTVenGJk"Dance, California"
video http://www.youtube.com/watch?v=x-VODzscDr4"We Ask You To Ride"
video http://www.youtube.com/watch?v=cJ8W4_sHWjU"Mirror of Sound" ao vivo
O rock em formato canção - mesmo que completamente distorcido na sua construção e métrica - que vai aparecendo que nos vai realmente enchendo as medidas é relativamente pouco. Comets On Fire, The Hospitals (Adam Stonehouse, líder dos mesmos, fez parte da banda a que nos referimos), parece que tanto do que vai importando nestes campos provém de São Francisco.
Tal facto não é excepção aos Sic Alps, uma espécie de sonho molhado para quem preferia que os melhores e mais rockeiros Swell Maps tivessem nascido na terra da Golden Gate em vez de terem andado a aturar o mau tempo das ilhas britânicas. Canções completamente rebentadas na fundação, mas com todo o vigor, demência e FOGO que todo o rock tem que ter (se não for uma violência do caraças não é rock, não me lixem..), são a versão contemporânea de uns Sonics, Electric Eels, Cold Sun, The Fall ('Hex Enduction Hour', 'Perverted By Language') ou Creation. Completamente boa onda delinquente.
A guitarra tem um reverb que não acaba e um dos corpos sonoros mais impressionantes que temos ouvido (hão-de ver o rack de amps, cabeças e tralha que o moço tem para ligar o instrumento), uma bateria tipo fred flinstone surfista a tripar em ácidos, e vozes e letras do melhor non-sequitur esquizóide que temos podido ler. Nós andamos passados da cabeça.
O já clássico LP deles 'Pleasures and Treasures' (2006) saiu pela Animal Disguise e o último disco de originais, 'U.S. EZ' é a obra-prima para este ano, na fantástica e regressada Siltbreeze. Abram alas para a confusão.
site oficial http://www.sicalps.com/
editora http://www.animaldisguise.com/
editora http://www.siltbreeze.com/
video http://www.youtube.com/watch?v=I5_v9HHxHzU"A Story Over There"
video http://www.youtube.com/watch?v=jNXt4BtUJuM"Bells (w/ Tremolo and Distortion)"
video http://www.youtube.com/watch?v=SqN7x0jrI5k"Strawberry Guillotene/Everywhere, There" ao vivo
BEACH HOUSE + JANA HUNTER
Duo de Baltimore, os Beach House editaram este ano 'Devotion', o seu segundo registo após a estreia em 2007 com um álbum homónimo. Ambos foram alvo de uma crítica extraordinariamente positiva nos mais insuspeitos meios de imprensa - mesmo que não deixe de ser um álbum numa editora independente relativamente pequena, todas as grandes publicações engradecem as virtudes deste projecto.
Muito provavelmente terá que ver com a acessibilidade daquilo que fazem, o passado que deixam entrever nas cortinas de veludo que parecem ser superfície para a sombra de palco da banda. A voz, a dolência, a qualidade espectral, fantasmagórica das músicas remete para os primeiros anos de trabalho de Nico, para o embalo narcótico dos Mazzy Star, para os momentos mais solenes dos Galaxie 500 ou mesmo algumas inflexões de voz de Chan Marshall.
Trata-se cada vez mais, especialmente neste mais robusto, confiante e assombroso segundo disco, uma música nocturna, dos momentos em que as ideias se confundem com os sonhos e os sonhos parecem ser vida. O seu som poderia surgir numa sala de cinema nos anos 40, num cabaret dos anos 70, ou na contemporaneidade em que toda a informação do passado é processada, retrabalhada e revista, até ao ponto em que uma análise cronológica de linhagens se torna insuficiente, perante uma música que atravessa tantas décadas passadas, e nos chega hoje com tamanha naturalidade e graça.
Feitos quase de propósito para tocar no palco do Maxime (o vídeo para "Master of None" parece ter sido lá gravado), esta actuação lisboeta faz parte da série de datas portuguesas que marcam a estreia nacional da banda.
site oficial http://www.beachhousebaltimore.com/
myspace http://www.myspace.com/beachhousemusic
editora http://www.carparkrecords.com/
video http://www.youtube.com/watch?v=s2YiUTh9dj4"Master of None"
video http://www.youtube.com/watch?v=DNQ97P0rQk8"Heart of Chambers"
video http://www.youtube.com/watch?v=8UqwNLdb45k"You Came To Me"
Aquando do lançamento de 'Golden Apples of the Sun', mostra generosa e emblemática feita por Devendra Banhart de uma vintena de escritores de canções de meados desta década, passou-se a ideia, algures no meio de cabelos compridos, barbas proféticas e vestidos às flores, do free-folk das canções. Simplificação parva e desnecessária, como é costume nestas tretas do marketing ambicioso, foi manobra orquestrada por um amor profundo do dinheiro rápido de uma data de cromos, acabou por colocar holofotes em muita gente de mérito, que entretanto tem vindo a assistir à progressiva clarificação e individualização na recepção e análise ao seu trabalho.
Jana Hunter, das escritoras de canções que mais discretamente actuava nessa compilação, vai já no seu segundo longa-duração, com colaborações pelo meio com Banhart e Castanets. A sua música assemelha-se a uma paralisação temporal, cristalização da observação do que lhe vai passando pelos olhos e pela cabeça. Parece que se foca emocionalmente apenas quando o mundo pára, e nessa quietude pode finalmente oferecer-se à expressão.
Guitarra de uso muito minimal que serve para linhas melódicas simples, armação harmónica precária, marcação rítmica e métrica percussiva. Voz, num gelo cheio de grão, é completa honestidade e crueza, algures entre o trabalho mais seco e generoso do início de carreira de gente como Bill Callahan, Chan Marshall ou Will Oldham.
Sem tiques de época nem afectações emocionais manhosas, o realismo descritivo de Jana Hunter continua a ser dos tesouros desta década da canção americana. Após dois concertos excelentes na Galeria Zé dos Bois, 2006 e 2007, vem em nova caravana para mostrar 'There's No Home' do ano transacto, bem como novos trabalhos.
myspace http://www.myspace.com/janahunter
editora http://www.gnomonsong.com/
video http://www.youtube.com/watch?v=vjy5e6E9da8ao vivo c/ Ray Castanets
video http://www.youtube.com/watch?v=aOcvnxeETkI That Dragon is my Husband"
SPECTRUM/SONIC BOOM
Pete Kember/Sonic Boom/Spectrum pertence a uma estranha raça de artistas que, de tão lendários que nos surgem e de tão mitificados que se tornam, parecem fazer parte na cabeça de tantos como alguém longínquo, algures num passado glorioso do panteão do underground do rock, longe de onde as coisas acontecem à frente dos nossos olhos. Muito menos mediático que o seu parceiro nos essenciais Spacemen 3, Jason Pierce, tem vindo a produzir uma quantidade muito substancial de música fundamental nas praticamente duas décadas que se seguiram ao fim da banda em que ambos se iniciaram na música e que marcou, indelevelmente, a música independente dos anos 80 em diante.
Ao longo de discos notáveis enquanto Spectrum e Experimental Audio Research, Kember mantém-se permanentemente na procura de novas formas de comunicação da transcendência, explosão metafísica e comunicação cósmica através de som, rito e hipnose. A sua música é de um alinhamento numa viagem até um espaço em que nos deparamos com a grandeza de tudo o que reluz e brilha; um híbrido de death trip narcótica, salvação espiritual e um amor como poucos pelo rock, pelos blues e por tudo o que é gloriosamente pentatónico. A máxima que aplicou na música é a mesma ainda hoje: "One chord best, two chords cool, three chords OK, four chords average", como o seu mais recente 'Indian Giver', conjunto de canções de sintetizadores, voz e sangue, o continua a sintetizar.
"Um dos últimos génios desta treta toda" (Zeca), em estreia nacional, na sala dos fornos do Museu do Chiado.
site oficial http://www.sonic-boom.info/
myspace http://www.myspace.com/sonicboom
myspace http://www.myspace.com/spectrumofficialpage
video http://www.youtube.com/watch?v=r9yApVj3z84"How You Satisfy Me"
video http://www.youtube.com/watch?v=uqnBRdyCf1k"Let Me Down Gently" ao vivo
video http://www.youtube.com/watch?v=BS0LtKtDxtQ ao vivo em Los Angeles
video http://www.youtube.com/watch?v=cKHiUtZidU8 "Hall of Mirrors" (Kraftwerk)
video http://www.youtube.com/watch?v=iHi8j24iSYg ao vivo no Deitch Project
ALEXANDRE ESTRELA + ANTÓNIO CONTADOR e CALHAU! + AQUAPARQUE + COCLEA + DAVID MARANHA + FRANGO + GUSTAVO SUMPTA + J. BRAIMA GALISSÁ + KAZIKE e GUILHERME DA LUZ + LOBSTER + LOOSERS + OS N'GAPAS + PANDA BEAR DJ SET + RITA BRAGA + RITCHAZ & KÉKE + SEI MIGUEL + THE GLOCKENWISE + TROPA MACACA + ZONK
Artista visual português partilha uma peça da sua vertente de coleccionador e buscador de momentos revelatórios, onde dimensões ocultas rebentam e se tornam visíveis. 'A Chamada / The Call', vídeo de 2002, é um desses acontecimentos de iluminação espontânea, tipo o Tesla a brincar em casa e a descobrir um buraco negro, onde o Estrela encaixou uma peça sonora de Giulius Van Bergeijk. 'A Chamada / The Call', apresentada em público pela primeira vez, será apresentado três vezes - às 22h, 23h e 24h.
A Chamada / The Call DV Pal, cor , Stereo 2002. Sessão de improviso com telemóveis em feedback, realizada durante uma inauguração, à porta das Tercenas do Marquês. Misturado com The Call de Giulius Van Bergeijk
Telemóveis - Alexandre Estrela, Miguel Soares, João Vinagre, Pedro Rogado, Manuel Henriques, Nuno Delmas e Tiago Borges
Voz - Ana Cristina Henriques
espaço Oporto http://www.oportolisboa.blogspot.pt/
Sinergia de espíritos livres cientes do poder do inaudito, do confronto e do desconforto, na sucessão de várias colaborações passadas de êxito estrondoso. Depois de lives históricos e da não menos emblemática 'Nossa Senhora de Fátima Machine', o stand-up freeform de mais alta tarimba volta a unir António Contador e Calhau! para mais momentos de boa disposição e progressão estética.
site oficial http://www.antoniocontador.net/
site oficial http://www.einsteinvoncalhau.com/
myspace http://www.myspace.com/calhau
myspace http://www.myspace.com/chumbochumbo
video "Nossa Senhora de Fátima Machine" http://www.youtube.com/watch?v=Anhsl6so_RQ
Numa época de um cada vez maior número de malta à vontade para cantar em português mas que ainda soa desconfortável com o português que canta, os Aquaparque destacam-se da norma. Letras brilhantes, entrega destemida e poesia das realidades espirituais, cruzam-se com beats, canções profundamente contemporâneas e programações chutadas de trivela. Algures entre Excepter, Variações, Omar S e Luís Portugal se fosse jamaicano, desmontam a estrutura linear da canção ocidental, num processo de mixagem e cruzamento de fontes genial. A rebentar.
myspace http://www.myspace.com/aquaparque
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=Th_9cBSDo4U
Responsabilidade de Guilherme Gonçalces, Coclea é dos mais meritórios projectos a sair de Portugal no último par de anos. Ritualista de alma inteira, Gonçalves esculpe, com o seu manancial de instrumentação e aparelhómetros cósmicos, paisagens e realidades abstractas, a sua visão própria do trilho para a libertação espiritual, a fuga das formas, o encontro do eu com o metafísico, a libertação do momento em que a ascese se torna rebentamento e os seres voadores voltam ao espaço.
Já com dois lançamentos de tiragens pequenas, uma em regime de edição de autor, outro pelo centrão barreirense Searching Records, Gonçalves prepara-se para lançar o seu primeiro disco com maior circulação pela Ruby Red. Nós, que já tivemos a fezada de o ouvir, fazemos jura de escuteiro que se trata de um maravilhoso exemplo acabado de arquitectura de trip, faseado com o ritmo dos pacientes e guiado pela luz dos anjos.
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=CgGjcmjVew0
entrevista pela bodyspace http://bodyspace.net/entrevistas.php?ent_id=198
Novos passo de Maranha na toada 'Marches of the New World', celebrado testamento de hipnose harmónica e controlo supremo de instabilidade rítmica, aqui com um ensemble de craques da coisa que até mete medo. A formação é a de David Maranha (órgão), Bernardo Devlin (órgão), Riccardo Wanke (Fender Rhodes), Ernesto Rodrigues (violino), Manuel Mota (guitarra eléctrica), João Milagre (baixo) e Afonso Simões (bateria).
myspace http://www.myspace.com/ossoexotico
video ao vivo no Out.fest http://www.youtube.com/watch?v=1Wcib4Ovr14
video ao vivo na AVENIDA http://www.youtube.com/watch?v=-_SnDpEFbnw
video ao vivo na Sé de Lisboa http://www.youtube.com/watch?v=X-seJODpXUc
Baluartes da dinamização de movimentos subversivos e música invulgar no Barreiro, os Frango de Rui Dâmaso e Vítor Lopes continuam o seu poético processo de dinamitação de fronteiras entre géneros de expressão, apegando-se constante e renovadamente à busca por novas coisas de sentir. Com os anos aprendemos a não fazer puto ideia de como vai ser um concerto deles, e essa é mais uma dessas preciosas ocasiões.
myspace http://www.myspace.com/frangofrango
editora http://www.myspace.com/searchingrecords
video ao vivo no TEB, Barreiro http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=DILY25io4jM
video ao vivo no Alburrica Bar http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=3MdpcMByODc
"Artista plástico e performer que começou a expor e a apresentar o seu trabalho na década de noventa. Tem apresentado regularmente o seu trabalho na Galeria ZDB em Lisboa bem como no âmbito do projecto Salão Olímpico (2003-2006) no Porto, das exposições Terminal (2005) em Oeiras e In.Transit (2007) no Porto, da Plataforma Revolvér e da Galeria VPF Cream Arte em Lisboa onde apresentou a sua primeira exposição individual ("Quando se reúne muito trabalha-se pouco") em Janeiro de 2007. Começou a desenvolver a performance enquanto media artístico específico a partir de 2003, ano em que participa no LAB10 com o projecto Bala, expressão de contentamento e que colabora com o coreógrafo João Fiadeiro e o cineasta Pedro Costa na criação de "The End of a Love Affair". Para além de artista plástico, exerceu actividade profissional nas áreas do Teatro, da Dança e do Cinema. No Teatro, foi membro fundador do grupo Pogo Teatro tendo participado nas criações desse colectivo entre 1995 e 1999, participou ainda em diversas produções dos Artistas Unidos entre 2000 e 2003. Na área da Dança, colabora com a RE.AL desde 2002 tendo participado nas criações "Existência", "O que eu sou não fui sozinho" e "Para onde vai a luz quando se apaga?", todas dirigidas por João Fiadeiro. No Cinema, tem tido colaborações pontuais das quais se destaca a participação no filme "Juventude em Marcha" de Pedro Costa. Foi seleccionado para o Prémio EDP Novos Artistas 2007." in www.re-al.org O Gustavo vai apresentar uma peça intitulada "bitoque de picanha com ovo a cavalo", que envolve, entre outras coisas, uma garrafa de grogue por beber, uma pistola de pregos e folhas a cairem de uma parede depois de coladas com cuspo. Ritual potente, parar durar o tempo da garrafa ficar vazia.
info http://re-al.org/en
video http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=VD1F1GGBRHE
video http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=98Au-4N28pQ
Verdadeiro embaixador da música e da cultura da Guiné Bissau em Portugal, Braima Galissá é um virtuoso absoluto da kora. Contador de histórias por natureza e pacificador de tradições e gentes, vê-lo actuar parece trazer sempre um pedaço grande de luz nova ao universo. Mais uma dessas bençãos nesta final Avenida do 211.
site oficial http://galissa.com.sapo.pt/index.html
myspace http://www.myspace.com/braimagalissa
video "Futuro da Terra" na RTP1 http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=p3RmzL9qHqY
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=L8VUW6DBYIM
Construtor de sintetizadores modulares há décadas, colaborador regular na mesa de mistura de todos os grandes no arranque do krautrock, Kazike vive há anos escondido em Lisboa a fazer à mão as suas gigantes máquinas de osciladores, LFOs, inputs e outputs. A sua música é do cosmos da electricidade pura, a sua narrativa a da surpresa e da hipnose analógica, o seu aparato o de um cientista zen do som absoluto. Rara aparição ao vivo de uma lenda secreta, em duo com Guilherme da Luz, pesquisador de trips meditativas beatíficas e membro da encarnação mais recente dos históricos Tantra. Mandatório para os cósmicos da noite da lisa.
site oficial http://www.cluboftheknobs.com/
video ao vivo no CCB http://www.cluboftheknobs.com/videos/destruction.mpg
video ao vivo no CCB II http://www.cluboftheknobs.com/videos/fear2.mpg
Há já uns três anos e tal a espalhar electricidade positiva e construtiva pelas caras de Portugal e da Europa, os Lobster são daqueles que permitem ao rock permanecer música de rebelião e celebração. Guitarra e bateria para sempre na peregrinação da felicidade, por dois dos sorrisos mais bonitos do som nacional. Ocasião perfeita para encarar a roda de bico como uma forma profundamente contemporânea de aquecimento central.
myspace http://www.myspace.com/wearelobsters
video "Keep it Brutal" http://www.youtube.com/watch?v=IbT3TW7LK9U
video "Colours" http://www.youtube.com/watch?v=UXgFrZLTgWQ
Reis da expressão livre sonora lisboeta desta década, dos Loosers mais uma vez se espera a imprevisibilidade, a acutilância e a pertinência de ideias, meios e execução. O último concerto, como banda do Damo Suzuki, foi um estoiro de garage e groove para pôr a cabeça a trabalhar e o físico em ebulição. Adivinha-se mais um estrondo para a história. Loosers are free.
myspace http://www.myspace.com/loosersarefree
editora http://www.myspace.com/rubyrededitora
video ao vivo na Caixa I http://www.youtube.com/watch?v=gipospha8T4
video ao vivo na Caixa II http://www.youtube.com/watch?v=ONAtKJHXulw&mode=related&search=
video ao vivo na Caixa III http://www.youtube.com/watch?v=T43f4yAh6zk
De regresso ao quarteto fundador de Best One, Puto Adidas, Puto Chano e Motorela (de volta de Luanda), Os N'Gapas continuam a sua segura progressão no kuduro e na tarrachinha. Faixas recentes, como "Dicas da Banda" (ver o link - é clássico), "Poxter" (idem) ou "Tá em Dief" com os BF são prova que não vai tardar muito até que comecem, cada vez mais e maior, a incendiar pistas e clubes e a rebentar um pouco por todo o lado. Ché.
myspace http://www.myspace.com/osngapas
Génio da música moderna, do som, das canções, da procura e da bondade, a solo ou nos Animal Collective (que acabaram de fazer mais um clássico), numa raríssima aparição a passar discos. Incógnita total, curiosidade absoluta.
myspace http://www.myspace.com/rippityrippity
paw tracks http://www.paw-tracks.com/
má fama radio show http://mafama.blogspot.pt/2007/01/panda-bear-m-fama.html
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=kMLF6qzfJxs
Dedicada inteiramente à actividade apaixonada da interpretação, a Rita Braga é um caso muito particular de alguém que consegue transpôr o fascínio mais puro e a admiração mais genuína pela música que o passado nos deixa todos os dias. Com um apego comovente por moogs e teclados marados de décadas idas, música telúrica um pouco de todo o mundo e a fantasia das estrelas pintadas à mão, a forma como desenha a antologia que é o seu songbook não vai encontrando grande paralelo. A filha consentida de Bruce Haack, de Tiny Tim e do Tweety, em mais uma página bonita do livro de histórias que vai escolhendo contar-nos.
video "Katyusha" c/ Sergei Carlope http://www.youtube.com/watch?v=CnBoF0hNk
video ao vivo na Glasslands Gallery http://www.youtube.com/watch?v=IVlDj0DJMVA
Filhos de Cabo Verde via Outorela/Portela, Ritchaz & Kéke pegam a kizomba e dão-lhe bpms para a pista. Por cima, falam menos de meninas e de romance, ao invés deixando rebentar poesia de bairro, em energia afirmativa, positiva, imponente, entre linhas de baixo de reggae e dancehall, a sincopação do zouk e instrumentação digital escolhida a dedo pelos deuses da simplicidade. Se têm o infortúnio de viverem em 2008 em Lisboa sem nunca os ter ouvido, imaginem os De La Soul do início dos anos 90 a trazerem a festa da Praia e de Santiago para os subúrbios e bairros sociais que Portugal escolheu abandonar. Punhos cerrados ao alto para a luta pela boa onda.
myspace http://www.myspace.com/ritchazekeke
video http://www.youtube.com/watch?v=_ufKYQgcRqQ
Trompetista, player e compositor de notável musicalidade, noção tímbrica, espacial, harmónica, rítmica e possuidor um fraseado depurado até ao céu, Sei Miguel vai trilhando o seu caminho de constante invenção e revolução no jazz. Aqui, o seu trio regular dos últimos anos largos, com Fala Mariam no trombone e César Burago nas percussões, adensa-se até à formação de quarteto, com a presença especial de Guilherme Rodrigues, no violoncelo.
site oficial http://rt2.planetaclix.pt/seimiguel/enter.html
video ao vivo no Sonic Scope http://www.youtube.com/watch?v=JOaSPj9DiL4
Muita malta se esquece, mas no rock só se acredita quando se sente que se pode acreditar. Muita merda é desculpada porque soa a rock, o que tem vindo a perpetuar uma data de mediocridade num género que, depois de milhões de mortes anunciadas, continua a ser universo de criações incríveis. Os Glockenwise, bando de putos rockeiros de Barcelos, acreditam. E isso sente-se, e faz-nos acreditar igual que eles, que isto de pegar em electricidade e berrar é história séria. Algures entre os Rocket From The Tombs, Dead Boys e o primeiro disco dos Damned, num uivo em estreia até à capital para partir a loiça toda.
myspace http://www.myspace.com/theglockenwise
site oficial http://tropamacaca.com/
Sets alimentados pelo amor ao jack e ao house old school de Major e Photonz, contam nesta noite com a presença de Márcio Matos, para fechar o triângulo mágico que normalmente constitui a receita para as celebrações Zonk de meter música da boa. Vale tudo o que tenha o pulso marcado com a graciosidade e ímpeto que a pista merece, acompanhado por linhas de baixo e sintetizadores que transcendem a sofisticação e voltam a ser simples, primordialmente dançáveis. Eternamente à procura do beat que justifique a nossa existência, os Zonk a ajudarem a fechar a nossa Avenida no meio do ritmo.
myspace http://www.myspace.com/tamborzonk
myspace Photonz http://www.myspace.com/photonz