June / Cóclea / Magina
Noite de três etapas-concertos dedicada à música de dois dos músicos mais produtivos e consequentes do nacional som dos últimos anos. Três concertos diferentes, a terminar com a recentíssima colaboração entre os artistas.
Magina (também Aquaparque) editou o aplaudido 'Nazca Lines' no ano que agora finda (pela Ruralfaune e em edição de autor) e está prestes a lançar uma cassete pela norte-americana Not Not Fun. Constrói paisagens pós-irónicas e efervescentemente sentidas de uma palete vocabular que filtra várias músicas dos anos 70 até hoje, do piroso e sentimentalão, ao épico e devastador, ao singelo e proletário, feito com a verdade dos honestos.
Cóclea (Guilherme Gonçalves, também membro dos Gala Drop) é um veículo de exploração estelar. O Guilherme cavalga nos mesmos territórios do space rock mais abstracto, em busca das iluminações e visões que só os mais intrépidos viajantes têm o privilégio e acaso de encontrar.
Os June são o duo destes dois músicos nacionais, e o que já pudemos escutar do projecto cruza a poética da neblina suburbana dos teclados de Magina e uma aterragem num paúl da nave Cóclea. O encontro dá-se no palco do bar de um hotel de 4 estrelas em 2072 perto da Trofa, onde o ajuntamento local de vereadores PSD se encontram a beber Metropolitans radioactivos enquanto escutam estas visões futuristas pós-Trax Records via Popul Vuh, educadas pela escola de cosmética de teclados Martin Hannett. Primeiro concerto dos rapazes nesta formação.
myspace http://www.myspace.com/june.pt
PHILL NIBLOCK
Phill Niblock é um criador, pensador, viabilizador, auto-didacta e activista, com um percurso artístico há mais de 50 anos nos campos da música, do cinema e do vídeo.
Particularmente interessado em trabalhar as propriedades microtonais e psicoacústicas do som, realiza peças de duração longa que exploram o encontro de frequências contínuas e manipuladas, a sua relação entre si e no espaço, em que revela o ritmo e encaixe harmónico internos de combinações intuitivas de várias camadas de tons.
Director da Intermedia Foundation desde 1985, tem tido um papel extremamente importante nessa intersecção de trabalho sobre imagem e som. No caso particular de Portugal, e partindo de um contacto próximo que estabeleceu com Ernesto de Sousa a partir do final da década de 1970, criou uma bolsa (talvez já tenhas ouvido falar) nomeada em homenagem ao artista português destinada a premiar anualmente artistas nacionais a trabalhar dentro do universo Intermedia.
Assim, desde 1992 que sob a orientação de Niblock foram beneficiários da Bolsa, que tem lugar em Nova Iorque, criativos como Rafael Toral, Manuel Mota, Margarida Garcia, João Paulo Feliciano, David Maranha, Adriana Sá ou André Gonçalves, entre outros.
Entre todas as suas múltiplas áreas de actividade Phill Niblock trabalhou com Sun Ra, Arthur Russell, Thurston Moore ou Jim O’Rourke, passando por espaços performáticos e expositivos como o MoMA, a Kitchen ou a Serpentine Gallery. Esta actuação para leitor de CD, computador, mesa de mistura e quatro colunas distribuídas pelos cantos do espaço da Culturgest Porto, irá focar-se em peças que Niblock compôs nos últimos doze anos. A acompanhar as mesmas estará a projecção do trabalho documental The Movement of People Working, feito principalmente a partir de filmagens de trabalhadores em cenários rurais na China, em Portugal e no Lesoto.
site oficail http://www.phillniblock.com/
site oficial da fundação Experimental Intermedia http://www.experimentalintermedia.org/index.shtml
entrevista para a revista Paris Transatlantic http://www.paristransatlantic.com/magazine/interviews/niblock.html
excerto vídeo de The Movement of People Working (China, 1988) https://vimeo.com/17597688
excerto vídeo de The Movement of People Working (Brasil, 1984) https://vimeo.com/17062372
WOODEN WAND + FILIPE FELIZARDO
myspace http://www.myspace.com/woodenwand
editora http://younggodrecords.com/
video "Doreen" http://www.youtube.com/watch?v=cH2UFSZ09rQ
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=mGRmxqcZ0DY
TYVEK
myspace http://www.myspace.com/tyvekmusic
editora http://www.intheredrecords.com/
entrevista Fader TV http://www.youtube.com/watch?v=fh0_2PaO-DE&feature
video ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=PgC7uJ9zrH0&feature
RICARDO ROCHA
editora http://www.mbarimusica.com/
blog não-oficial http://ricardorochaguitarrista.blogspot.pt/
entrevista ao ípsilon http://ipsilon.publico.pt/musica/entrevista.aspx?id=248063
video ao vivo no CCB http://www.youtube.com/watch?v=r5iZMKYYZv8
André Gonçalves
Apresentação a solo do artista André Gonçalves, criativo celebrado no campo intermedia, da instalação e da produção de som. O André andou um pouco arredado do universo dos concertos, a partir do momento em que se dedicou durante os últimos anos à criação e fabrico de módulos de sintetizador, e a toda uma série de aparelhómetros futuristas que têm tido um sucesso estrondoso dentro e fora de Portugal. É justamente em sintetizador modular que o vamos ver no estaleiro Lounge, no seu segundo concerto neste registo, depois dos aplausos incrédulos e maravilhados gerados pela sua primeira aparição enquanto solo senhor do espaço e da arquitectura sonora.
Site oficial www.andregoncalves.info
“Untitled #06” (turntable hacking) www.youtube.com/watch?v=LwCautEwq88
Instalação “Of How We Have to Leave Doubts, Expectations and the Unachieved”, 2008 www.youtube.com/watch?v=RPJsahPTRDY
Performance / Instalação “Resonant Objects”
www.youtube.com/watch?v=Wg_gGsT0vlk
Hype Williams
Formação londrina composta por Inga Copeland e Roy Blunt, com uma biografia elíptica e um percurso discográfico iniciado em 2009, os Hype Williams são das propostas mais vitais e fascinantes da música britânica surgidas na última década. A sua identidade nunca é pública e totalmente clarificada, e é nesse tipo de neblina que, de resto, todo o seu trabalho existe. Numa época de cada vez mais apropriações, de plágios sustentados em naïveté, e da ultra-democratização da criação artística, os Hype Williams pegam numa série de tácticas de delito artístico como filosofia e estratégia deliberadas. Utilizam como matéria para as suas peças vários fragmentos, detritos e pérolas da cultura pop, da mais planetária até à que espera que o tempo volte e lhe tire o pó de cima, produzindo uma aglutinação e mescla destes elementos, cada um deles devidamente descontextualizado da sua fonte original e parte integrante de um novo objecto sonoro. Quando a cultura de massas mercantiliza em crescendo a ideia de que podemos consumir a diferença e a singularidade em cadeias multinacionais, os Hype Williams não só entendem e recusam esse paradoxo, como erigem um trabalho assente primariamente no tratamento de uma auto-iconografia que permanece intocável, por sucessivamente se transmutar dentro de uma realidade com a qual está em constante diálogo. Deles podemos sempre esperar, a cada actuação, um novo alinhamento de peças, trabalho, performance e enquadramento/afirmação no espaço. A intangibilidade e a irrepetibilidade sempre foram dos bens mais preciosos da criação artística, e aqui são saudável e benigna obsessão. Na data de Lisboa abertura das hostes a cargo dos incríveis Niagara, aqui numa vertente menos orientada para o seu muito particular 4/4, a operar mais no domínio da maravilhosa disformidade das suas abstracções electrónicas - para lá do ritmo hipnótico em composição e decomposição, as virtudes da estrutura textural, harmónica e melódica da sua música vão estar em primeiro plano, à semelhança da música que editaram recentemente pela Dromos. Nice.
Myspace www.myspace.com/hypheewilliams
‘Invisible Jukebox’ na Revista Wire www.thewire.co.uk/articles/5745/
“Blue Dream”de ‘Find Out What Happens When People Stop Being Polite, And Start Getting’ Reel’ LP
www.youtube.com/watch?v=fMbfJpEigOs&feature
Mais informação em www.culturgest.pt/actual/14-hypewilliams.html
Bilhetes para a data do Porto disponíveis na Culturgest, na Ticketline e locais habituais
Bilhetes para a data de Lisboa disponíveis na Flur e Matéria Prima
Evan Parker
Evan Parker é, desde há praticamente 50 anos, um dos grandes saxofonistas e músicos em actividade. Nascido em Bristol em 1944, foi ao assistir a um concerto do quarteto de John Coltrane em 1962, momento que determinou – como diz – a sua “escolha de tudo”, que começou a ser para ele mais clara a área estética onde viria a investir. Ajudou de forma crucial a desenhar um jazz britânico, mas também europeu, que com os anos vem chamando de livre improvisação, termo e prática que passou a partilhar com uma pequena comunidade de contemporâneos seus nos anos 1960, e que entretanto se expandiu ao mundo inteiro. Olhar para a discografia de Parker é quase como ler a história desta herança e metodologia musicais que não cessam de se desenvolver e reconfigurar. Desde o seu arranque no Spontaneous Music Ensemble com John Stevens, à Music Improvisation Company, até à criação das editoras Incus (com Derek Bailey e Tony Oxley) em 1970 e Psi (agora sozinho, em 2001), Parker permanece um cidadão e artista ávido de uma exploração brava, obsessivamente coerente, feita sempre num impressionante ritmo de trabalho. Por entre mais de 200 registos discográficos e milhares de actuações, formações que mantém há quatro décadas e outras ad hoc, o solo permanece um dos veículos de expressão que lhe é mais querido. O supremo domínio que tem do som e do instrumento, de onde sobressai a sua conhecida técnica de respiração circular, da qual é absoluto virtuoso, permite-lhe trabalhar em extensas formas contínuas no saxofone, nesta circunstância potenciadas pela acústica rica em reverberação da Culturgest Porto, que oferece ao músico infinitas possibilidades melódicas, harmónicas e métricas. Dos raros históricos que permanece tão vital e inquisitivo hoje como na sua juventude, para uma actuação, como sempre quando se trata de Evan Parker, irrepetível.
Site oficial www.evanparker.com
Entrevista na Revista Paris Transatlantic www.paristransatlantic.com/magazine/interviews/parker.html
Vídeo de solo no Incus Festival, Londres, em 1985
www.youtube.com/watch?v=KrFT5BcATFo&feature
Mais informação em www.culturgest.pt/actual/22-evanparker.html
Bilhetes disponíveis na Culturgest, na Ticketline e locais habituais