Heatsick + FÚ dj set
Heatsick é o pseudónimo de Steven Warwick, britânico a residir em Berlim, que primeiramente despontou para a arena do underground ocidental por alturas de 2005, como metade do duo Birds of Delay, combo de estratégias ‘dronoise’ pós-Double Leopards. Steve tem, paulatinamente ao longo dos últimos 5 anos, lançado uma série de cassettes e CD-Rs em edições limitadas em editoras como a Alcoholic Narcolepsy ou a Not Not Fun, para além das proverbiais incursões ao vivo pelo nosso continente, tendo estado presente numa das festas AVENIDA em Lisboa, numa apresentação então de emolduramento ternamente cósmico. Editou este ano pela CockTail d’Amore o seu primeiro 12’’ maxi-single, “Dream Tennis”, e acaba de lançar o seu primeiro comprometido LP, ‘Intersex’, pela consistente berlinense PAN. Ambos estão prenhes do seu expressivo e discernido discurso em experimentação em música de dança; pelo fascínio do aspecto social, físico e empírico que esse campo da música oferece e recebe à Noite, quer pela pesquisa histórica e sacralização de Ron Hardy (e discípulos) e das mix tapes originais da house de Chicago, via WBMX e afins, bem como a ontologia gay de que continuamente se reveste esta música, algo que reflecte ruminosamente no tema ‘Von Aderen Ufer’, de ‘Intersex’. Dimensões que devem ter contaminado o seu Momento de triunfo pessoal há uns meses largos, quando convidado para um slot no Panorama Bar na mesma bill de Daniel Wang, DJ Harvey, Prosumer e Cassy, tocou um set de hora e pouco às 6 da matina para uma uma sala à pinha, munido apenas do seu Casio de sempre. Antes e depois, FÚ dj set, sem remorsos.
Blog http://www.perpendicularrain.blogspot.com
Editora http://www.pan-act.com
Entrevista http://www.residentadvisor.net/feature.aspx?1355
Temas no Soundcloud http://soundcloud.com/search?q%5Bfulltext%5D=heatsick
Vídeo ao vivo em Paris http://vimeo.com/32734896
Mika Vainio
Figura decisiva na música europeia nas últimas duas décadas, quer enquanto membro dos Pan Sonic ou através do heterónimo Ø, Mika Vainio vem à Culturgest Porto na sequência do seu brilhante e mais recente trabalho, Life (It Eats You Up...), editado em 2011 em nome próprio. O percurso deste artista finlandês tem-se definido por uma exploração e concretização das possibilidades de textura e dinâmica do som, para isso torcendo sempre que necessário instrumentação pré-existente, ou recorrendo à utilização de meios eletrónicos desenhados para si próprio, à medida das suas positivamente ambiciosas necessidades de projeção acústica. O trabalho novo que nos vem mostrar, sempre contratualmente imprevisto até bem perto da apresentação, vem no encalço de Life..., o seu primeiro registo centrado na guitarra elétrica, que nos mostra uma brutalizante leitura do vocabulário rock, operado nesta instância como máquina poética preciosa capaz de produzir e ilustrar uma leitura extraordinariamente cáustica e profundamente escura da vida. Neste álbum podemos encontrar um novo e potencialmente crucial marco no percurso deste músico – uma raríssima interseção entre o digital e o eletrónico que tem sido a sua paleta primordial, e um desenho acusmático da eletricidade, onde o confronto, choque e pavor provocados pelas conjunções sonoras de Vainio edificam um trabalho onde todo o ouvinte é, acima de tudo, submisso a uma experiência sonora que se quer abismal e epifânica, pelo confronto com o vazio que lhe é implícita. A narrativa da obra de Mika Vainio é tão simplesmente – e por isso tem sido infinita em possibilidades – uma eterna busca por um conjunto de imagens e realidades sonoras enquanto experiências intensamente vividas, como objetivo fundamental da criação. É na pureza dessa busca pelo que é mais real, que está o cerne deste fascinante artista, que continua a ver para lá da limitação dos géneros, da forma canónica e de um cumprimento de uma falsa obrigação tecnológica, para melhor nos revelar o significado mais cru que ele próprio procura deslindar a cada dia.
Site não-oficial http://www.phinnweb.org/vainio
Entrevista http://www.tokafi.com/15questions/interview-mika-vainio
Vídeo entrevista na Brainwashed http://www.youtube.com/watch?v=QpS_RhuLHc0
Vídeo ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=z52MwNWHbt4&feature
Bilhetes disponíveis na Culturgest, na Ticketline e locais habituais
Mais informação em http://www.culturgest.pt/actual/07-mikavainio.html
Sei Miguel
Extraordinário músico português, Sei Miguel (n. 1961) tem vindo desde há praticamente três décadas a trilhar novos e cruciais caminhos no que trata à história do jazz, da composição e daquilo que significa frasear (escrito e inverbalizável) onde residem as coisas como elas são. Sediado em Lisboa desde o final dos anos 70, produziu mais de uma dezena de discos, uma quantidade impressionante de peças e tocou inúmeros concertos, liderando formações que têm vindo a incluir vários músicos de grande importância na realidade musical mais relevante e desafiante do nosso país. O seu trabalho é invulgarmente rigoroso e concentrado em questões de forma, métrica, dinâmica, amplitude e silêncio anotados no seu próprio sistema de escrita, que intersetam o seu “ofício jazzístico” com o mundo da composição moderna e contemporânea, de onde extrai aprendizagens que lhe são de grande utilidade para composição em scores/pautas. Para esta atuação na Culturgest, Sei Miguel irá apresentar Prelúdio e Cruz de Sala, peça que conta com a participação do seu Unit Core, constituído pelo próprio Sei Miguel, e pelos seus músicos mais chegados. Esta peça utiliza, como o título o indica, a forma da cruz, que, nas palavras do artista, “sempre foi uma obsessão”. Miguel fala que essa forma “implica que se assuma misticamente isso”. A primeira apresentação ao vivo de um trabalho do artista escrito em cruz ocorreu em agosto de 2011 no Museu do Chiado, ocasião essa onde a cruz foi trabalhada de maneira “topográfica e horizontal”, e especificamente desenhada para o Jardim de Esculturas dessa instituição. Para esta segunda parte do trabalho, aqui em estreia, Sei Miguel partiu de um prelúdio que provém de uma secção de uma peça para octeto datada de 2002, compondo “uma oração circular, moeda mística passiva”. A titular cruz de sala “está verticalmente suspensa. Ela começa e termina em chamas. Toda ela é constituída por fraseado pseudo-litúrgico. É a cruz cristã, um poço xamânico, uma macumba para afastar os maus lisboetas, executada em ascensão”.
Myspace http://www.myspace.com/seimiguel
Vídeo com excertos de ‘Lenta Cruz de Agosto’ no Museu do Chiado http://www.youtube.com/watch?v=EJEhn-gYz_0
Entrevista ao suplemento Ípsilon do jornal Público http://ipsilon.publico.pt/musica/texto.aspx?id=265396
Bilhetes disponíveis na Culturgest, na Ticketline e locais habituais
Mais informação em http://www.culturgest.pt/actual/12-seimiguel.html
James Ferraro + Yong Yong
Criador de um imaginário pessoal tão rico e fascinante que jornalistas (britânicos, claro) tornaram-no num género (com todos os questionáveis momentos que daí advém), James Ferraro tem sido, já vai para uma década, um dos mais maravilhosos e prolíficos artistas na música contemporânea. Tem-se vindo a transcender em criar o universo mais curtido que lhe é humanamente possível, com uma declarada filosofia/necessidade sub-baixo orçamento. Desde as suas nuvens sonoras pós-rítmicas com Spencer Clarke nos Skaters, passando por um catálogo inacreditavelmente extenso e pertinente, que inclui em tempos recentes artefactos como a obra-prima de 2010 \'Night Dolls With Hairspray\' - amplamente - e justamente - reconhecido como o objecto definitivo em cultura trash pós-TV/VHS, singularidade cómica, meta-R. Stevie Mooreismos e em auto-terapia teatral adolescente. No ano que agora findou lançou \'Far Side Virtual\' (disco do ano para a Wire, para quem se importa com essas coisas), um álbum que quase não é música, mas que é verdadeiramente notável - projecções espaciais, electrónicas e trabalho de decoração ambient (interiores e exteriores), para locais e tempos que só por mágica quântica são tornados realidade (impossível). Um dos originais norte-americanos mais reais e vivos, no pico das suas capacidades.
A arrancar a noite vai estar a unidade nacional Yong Yong, criadores deste embrião vagamente secreto e de pacto proto-transcendentalista, que utilizam para fazer música com um teclado-entidade mística (Sr. Yong), e demais tecnologia subterrânea/subterfugiada. A compleição de palco, sempre decisiva para os espectáculos ao vivo do grupo, ainda está em estudo para esta actuação, mas não se espantem se não perceberem de onde vem o som e de onde vem quem o faz (e dá ideia que é mesmo feito por gente). Música de quarto de dormir em câmara lenta para a eternidade, no que é apenas o segundo concerto de Yong Yong em Lisboa.
Tumblr http://bebetunes.tumblr.com
Entrevista na FADER http://www.thefader.com/2011/12/14/interview-james-ferraro
Entrevista na The Quietus http://thequietus.com/articles/07586-james-ferraro-far-side-virtual-interview
Vídeo projeção ao vivo de ‘Adventures in Green Foot Printing’ http://www.youtube.com/watch?v=8maLVXg-rjY
Editora http://hipposintanks.net
Soundcloud http://soundcloud.com/rodolfo-brito
Vídeo ‘sticks and bones may brake my stones’ http://www.youtube.com/watch?v=wHHfHj27Xn8
Vídeo \'Forever Yong\' http://www.internationaltapes.com/reviews/yongyong/
Bilhetes disponíveis nas lojas Flur e Matéria Prima
O Uivo + FÚ dj set
Honorável membro dos Gala Drop, Guilherme Gonçalves regressa ao Lounge depois de ano passado por esta altura, numa data conjunta com Magina, ter apresentado um rascunho em aberto do campo por onde agora elegantemente se passeia. A avaliar pelo último concerto na cidade no final do ano passado na ZDB, O Uivo é expressão robusta e admirável da canção contemporânea em português. Num set ao vivo que flui laçado entre as diferentes câmaras e segmentos de ligação de uma forma idiossincraticamente fresca, surpreende a quase ausência total de batida e ritmo programado, estando as composições assentes no trabalho de guitarra e voz densamente processadas do Guilherme. Apresenta-se convicto com esse pedaço de madeira e cordas electrificado que se usa e abusa há mais de 50 anos, e que o músico toca emergido e coagido pela tecnologia que sempre a potenciou para novos lanços de trilho para percorrer, ao serviço processual das suas ideias, ânimo e maturação individual. Para fruir bem alto, porque faz-nos sentir aquela sensação de irrisão sumária a imaginar a promiscuidade de uma tocha secreta a passar das mãos de David Gilmour para Manuel Göttsching, a bordo de um salmo ao Atlântico em Lisboa.
Pega Monstro + Putas Bêbedas
Está perfeitamente claro para que nós que o disco que aí vem das Pega Monstro, duo de Maria e Júlia Reis é muito provavelmente o melhor álbum de pop-rock da história da música nacional. Vamos escrever mais alongadamente sobre esta obra-prima produzida com brilhantismo por B Fachada daqui por umas semanas, e até lá não vale a pena gastar demasiado latim. Preparem-se para não quererem ouvir outra coisa durante meses (pelo menos).
Na primeira parte do lançamento do álbum das Pega, o trio sentimentalista delinquente Putas Bêbedas abre as hostilidades desta cerimónia a favor da beatificação de todo o elenco Cafetra.
Bandcamp http://pegamonstro.bandcamp.com
Editora http://cafetrarecords.blogspot.com
Vídeo ao vivo no Milhões de Festa http://www.youtube.com/watch?v=efXU6gHQw5s&feature
Facebook http://pt-br.facebook.com/pages/Putas-B%C3%AAbadas/194149377273858
Vídeo ao vivo na Severa http://www.youtube.com/watch?v=S7zMhbtIano
Bilhetes disponíveis nas lojas Flur e Matéria Prima (Lisboa)
Éme + Smiley Face + FÚ dj set
Dois escritores de canções de excepção do fulminante acampamento Cafetra, numa double-bill da grande canção nacional adolescente. O Éme vai até aqui ruminando destaques de momentos de grande impacto e densidade emocionais, assistindo à trivialidade com transcedência e com olhos a brilhar para o novo e o complexo - a forteleza no delicado sempre teve grande charme. Smiley Face faz haikus DIY sobre absolutos do mundano, do metafísico e do filosófico, a caminhar entre o abismo existencial como quem fica no sofá a vegetar e malhar Doritos. Meio inacreditável que isto exista, e duas poderosas razões para ajudar a justificar esta Lisboa cada dia mais irrepetível.
Bandcamp http://oeme.bandcamp.com
Editora http://cafetrarecords.blogspot.com
Entrevista http://www1.ionline.pt/conteudo/138447-cafetra-records-para-todos-os-efeitos-somos-putos-fazer-musica
Vídeo ao vivo no Clube Setubalense http://www.youtube.com/watch?v=uwHfPfabkgE
Tumblr http://stupidbones.tumblr.com
Vídeo teaser para ‘Desgarradas D’amor..’ http://www.youtube.com/watch?v=tpvFveiMORc
Smiley Face no Clube da Palavra do Canal Q http://videos.sapo.pt/J8bTlGcbUUiOQV3az8vA
Joe McPhee Survival Unit III
Nascido em Miami em 1939 e trompetista desde os 8 anos de idade, Joe McPhee é um verdadeiro testamento vivo, ainda bem no pico (crescente!) das suas capacidades, do que pode ser o jazz hoje, reflectindo com o poder da coerência e da honestidade, uma parte do que continua a poder ser feito com esse fascinante e riquíssimo vocabulário e tradição, e que tantas vezes é brutalizado ao ponto do esquecimento ou da mediocridade.
Multi-instrumentista em todo o tipo de saxofones, clarinete, trombone e piano, é a partir de finais dos anos 1960 que arranca para a música que o começou a definir enquanto artista. Influenciado por Coltrane, Ayler e Ornette (figura essencial no arranque do seu percurso), Joe McPhee é um dos mais relevantes espíritos livres e transgressores da forma e do vocabulário do jazz e de áreas que ele mesmo ajudou a tornar adjacentes. Colaborando desde cedo com músicos com preocupações estéticas e espirituais semelhantes, em direcção ao desconhecido e ao vibrante, trabalhou com a nata do jazz mais esclarecido norte-americano e europeu, assim como com a vanguarda da música electrónica dos anos de 1970, da Deep Listening Band de Pauline Oliveros, até aos seus álbuns fabulosos nessa mesma década com John Snyder para sopros e sintetizador.
O currículo de McPhee conta com mais de meia centena de álbuns, entre os quais muita obra em seu nome próprio na editora HatHut, fundada precisamente para lançar a sua música. Trabalhou com uma lista interminável de artistas seminais da música das últimas quatro décadas, destacando-se trabalho regular com Evan Parker, Jimmy Giuffre, Peter Brötzmann, Dominic Duval, Raymond Boni ou Chris Corsano.
Esta terceira encarnação da sua Survival Unit, título de formação cujo início remonta ao final dos 60s/início dos 70s, vê McPhee acompanhado por dois músicos fabulosos com muita história em Chicago na última vintena de anos (aproximadamente), nas pessoas de Fred Lonberg-Holm (violoncelo) e Michael Zerang (bateria). A Survival Unit tem sido, efectivamente, a sua working band (o ofício da sobrevivência, para bom entendedor), e plataforma de criação e expressão sem rodeios do \\\\\\\"real assunto sério\\\\\\\". Música sem cosmética, feita de uma vida a seguir o caminho da boa tradição, do som, da frase, da ordem e da luz, no meio da escuridão do inaudito.
Site oficial http://www.joemcphee.com
Vídeo ao vivo http://youtu.be/jbTZC8LB7aA
Bilhetes disponíveis nas lojas Flur e Matéria Prima (Lisboa)
Ritchaz Y Keky + FÚ dj set
Ritchaz Y Keky, duo de origem caboverdiana que tem inflamado as margens de Lisboa nos últimos anos, regressa aos palcos da metrópole, demasiado tempo desde a última vez. Dos seus hinos de kizomba/zouk um pouquinho mais speedado que a batida original, saem do romântico meloso típico do género para fazer trabalho de crítica social e festa completamente longe de caridades e entendimentos Benetton, respectivamente. Quando recentemente ouvimos material novo dos rapazes, percebemos que tinham transposto o vibe Martin Hannett dos PALOP para funanás espectralistas completamente aparte, e coerentes em absoluto com a evolução das tradições da terra. Produções cada vez mais impactantes e singulares, flow mais afinado e mais anos de palco em cima. Verdadeiros tropas da Outorela a fazer da música mais mágica e progressista em Portugal.
Soundcloud http://soundcloud.com/ritchaz-y-keky
Blues Control + Laraaji & Arji
Encontro cósmico de músicos da mais fina estampa para périplo europeu selecto de concertos, que os traz ao sótão da Kolovrat a Lisboa (e ao CCVF em Guimarães, um dia depois), na senda do lançamento no ano passado do celebrado Vol. 8, que os reuniu em disco, da série FRKWYS da editora nova-iorquina RVNG. Esta discográfica é afamada por desafiar e promover discos colaborativos de músicos que se desconheciam a nível pessoal até então, mas notoriamente ligados por laços estéticos latentes comuns. Após o convite lançado à banda Blues Control pela editora, cedo surgiu o nome de Laraaji como eventual par a contactar para discussão de ideias e consequente reunião em estúdio. Laraaji (n. Edward Larry Gordon, em 1943) é uma referência marcante no imaginário inicial dos Blues Control, bem como de outros cabecilhas do underground norte-americano que entretanto emergiram (Emeralds, OPN, assim à cabeça) que ainda há pouco tempo saciavam com avidez o seu fascínio sobre o passado da música psicadélica do ramo New Age, e cedo se aperceberam do catálogo passado de Laraaji. Para muitos, Laraaji é reconhecido pelo seu impressionante disco de 1980 ‘Ambient 3: Day of Radiance’, gravado com Brian Eno para a sua série ‘Ambient’ após o britânico o ter ‘descoberto’ a tocar na rua, no qual amplificava a um público mais alargado a sua apropriação da ‘zither’, instrumento acústico de cordas oriundo da Europa de Leste, alimentada pela sua pesquisa pessoal e entendimento de culturas místicas orientais. O disco proporcionou-lhe uma elevada atribuição de valor no mercado do género ‘ambient’ então a florescer, apesar de um disco que o precede como ‘Celestial Vibration’ (reeditado entretanto pela Soul Jazz) ou o intitulado ‘Essence / Universe’ de 1987, transcenderem qualquer tipo de etiquetas, práticas esotéricas com incenso manhoso ou sessões de tratamento com cristais, no seu impacto e alcance no objectivo de lançar os seus ouvintes para um outro plano de consciência.
O disco que então os Blues Control e Laraaji, mais ainda a sua ‘amiga musical’ inseparável Arji, nos legaram e que agora vêm promover, assombra pelo universo conjurado ao longo das suas 4 longas faixas (+2 bónus), que primam por uma dimensão de entrosamento e fluidez de processos e discurso verdadeiramente notável, contribuindo para um resultado final misteriosamente arrebatador. Um portento de intimidade de escolhas e caminhos, que ao vivo vêm mostrar-nos como se ilumina a olho nu.
Myspace http://www.myspace.com/bluescontrol
Blog oficial http://laraaji.blogspot.com
Editora http://igetrvng.com/discography/113/
Entrevista http://blogs.philadelphiaweekly.com/music/2011/11/11/qa-blues-controls-russ-waterhouse-talks-laraaji-new-age-music-and-the-importance-of-laughter/
Bilhetes disponíveis nas lojas Flur e Matéria Prima (Lisboa)
Michael Hurley
Cantor absolutamente crucial da canção norte-americano, dá ideia que já fez tudo o que havia para fazer na vida mas a estrada segue infinita – são assim os bravos. Editou a sua estreia ‘First Songs’ pela monumental Folkways (onde nem Bob Dylan entrou), fez clássicos em todas as décadas desde aí, passando por ‘Armchairboogie’ (Cat Power fez 3 versões deste álbum), ‘Hi-Fi Snock Uptown’, até ao recente ‘Blue Hills’ (Mississipi Records, 2010). Andou na estrada e na noite com os Unholy Modal Rounders, com quem gravou o icónico ‘Have Moicy!’, álbum que Jagger e Richards disseram tratar-se de um dos discos cruciais dos anos 70; casou-se muitas vezes, e parece ter uma quantidade variável de filhos a cada vez que lhe falamos. Desenhador cartoonista mestre, tem um ideário de ilustração que está em todas as suas capas, e que adensa ao universo maravilhoso da sua vida, da sua solidão, bonomia e espírito invencível. À medida que os anos passam a sua mestreia na guitarra, o seu saber dar concertos de uma vida uns atrás dos outros, onde o ridículo e o sublime se sucedem e confundem em radiância, tornam incontornável o facto de que estamos perante essa raridade de uma lenda viva, no topo de uma impossível lucidez, visão e arrojo aos 71 anos. 71 anos. Morrer gostando de música sem um dia nunca se ter visto Hurley a uivar para a lua é triste demais. Vivam felizes.
Site oficial http://www.snockonews.net
Myspace http://www.myspace.com/snock07
Editora http://www.gnomonsong.com/michaelhurley/
Vídeo 'the rue of ruby whores' http://www.youtube.com/watch?v=gL6_pMdMhlQ
Bilhetes disponíveis nas lojas Flur e Matéria Prima (Lisboa)
The Strange Boys + 100 leio
Potentíssima máquina de soul e blues via Rimbaud (como o quis a tia Patti), os Strange Boys de 2012 têm já três discos para trás, e nesta instância cavalgam até Lisboa no seu chariot texano com um fantástico álbum de canções editado no ano passado. Só o single de abertura "Me and You" servia para entrar - ainda mais adentro - nos cânones do que se pode fazer hoje com a energia do rock e com a força da verdade benigna (para todos, para todos), partindo para todas as lutas (tinha que ser) com um riquíssimo conhecimento da música norte-americana de bares de beira da estrada, manifestações em massa por mundos melhores, Carnegie Halls e um impressionante número de noites atiradas ao ar a pensar no amor (ou a pragmaticamente tratar do assunto). Ryan Sambol é um grande da sua geração, e da última vez que os tivemos por cá foi show à séria. Desta vez ainda vai ser melhor. Confiem.
Primeira parte com pontos de interrogação radioactivos de algum do melhor teen angst poético-escatológico que já ouvimos, cortesia de um ícone Cafetra - f*****' 100 Leio. Basta verificar o Bandcamp do campeão e ouvir a estreia 'Enganei-me e Fui Para Casa' para entender que estamos aqui a lidar com clássicos lisboetas instantâneos de canção eléctrica de quarto de dormir. Desde o combo guitarra raio de sol + bateria Moe Tucker à 'You Walk Alone' do Jandek de "1 Conto de Mofino", ao barbárico anti-hino stoner "Edson Mandela", 100 Leio é um garante de positiva e radiante insuportabilidade para arrancar com real dignidade esta noite de cantautores carismáticos.
Site oficial http://strange-boys.com
Editora http://www.roughtraderecords.com/strangeboys
Vídeo ‘Me and You’ http://www.youtube.com/watch?v=G2KRB30HVX4
Bandcamp http://100leio.bandcamp.com
Editora http://cafetrarecords.blogspot.com
Video ao vivo no Liceu Camões http://www.youtube.com/watch?v=Pm3zile84Pg&feature
Bilhetes disponíveis na Blueticket em http://blueticket.pt/site/EventoDetalhe.aspx?ecomm=1&eventoId=1360&idiomaid=1&op=0
Putas Bêbedas + FÚ dj set no 13º Aniversário do Lounge
Dia 5 de Maio o Lounge comemora o seu 13º Ano de Vida. A Filho Único aceitou de bom grado o convite para se juntar à festa de aniversário que estão a preparar e, pelas 22h30, assenta arraiais com um concerto das Putas Bêbedas, seguido de dj set por 2 manos FÚ. Consultem o cardápio da extravaganza toda em http://www.loungelisboa.com.pt/blog
Putas Bêbedas é o trio do Leio, Sushi e Abras, banditagem punk cara da Cafetra. Tocam alto, com volume grato de selvajaria e sem cerimónia de conforto técnico, sacudindo o tédio para canto. Saúde!
’Bater Uma’ na ‘Compilação’ (2012, Cafetra) http://cafetrarecords.bandcamp.com/track/bater-uma
Facebook http://pt-br.facebook.com/pages/Putas-B%C3%AAbadas/194149377273858
Vídeo ao vivo na Severa http://www.youtube.com/watch?v=S7zMhbtIano
FÚ Apresenta no Lounge Pedro Magina + FÚ dj set
Regresso de Pedro Magina à residência da Filho Único no Lounge, onde se estreou ao vivo com a sua aventura a solo há dois anos, aquando do lançamento do seu EP inaugural ‘Nazca Lines’.
Desde então sucedeu-se a cassette ‘Nineteen Hundred And Eighty Five’ na Not Not Fun, no ano passado, assim como uma tour europeia com os Gala Drop e nova edição de autor com o disco ‘Gecko’.
Tem passado os últimos tempos dividido entre concertos da sua banda aquaparque e trabalho caseiro de produção, imerso no plano de um novo longa duração de originais, bem como dando resposta ao desafio de convites para remisturas que a editora Mental Groove (desde 89 a operar sob desígnios electro e techno, com nomes díspares como Miss Kittin, Tiefschwartz, Michael Mayer ou Sun Araw no catálogo) lhe lançou, pouco tempo antes da esperada re-edição de ‘Gecko’ neste selo suíço. De esperar assim, neste serão, temas novos e em estreia de génese recente deste compositor instintivo, que tem vindo a trilhar caminho com a patine e grão do seu Casio complementada ultimamente com estratégias de Midi über-romântico.
Myspace http://www.myspace.com/memagina
Vídeo para ‘Minor Romance’ http://www.youtube.com/watch?v=UeorlrVGyds
Vídeo ao vivo no Club Mother, Estocolmo http://youtu.be/jLDdgWxVDd0
FÚ Apresenta no Lounge ACRE + FÚ dj set
ACRE são um trio composto pelo baterista Gabriel Ferrandini (RED trio, Rodrigo Amado Motion Trio), o saxofonista Pedro Sousa (Falaise, Canzana, Pão) e o guitarrista Filipe
Felizardo (HüsqVarna, Bandeira Branca).
Juntos têm desenvolvido durante o último par de anos um trabalho orientado para o concerto ao vivo, apesar de já existirem gravações de onde consideram uma edição futura, e são os nossos convidados da mensalidade FÚ de Junho. Do melhor que o nosso país produziu nos últimos tempos em trio bárbaro com intelecto e espírito ávido pela exploração, no istmo onde o jazz e a improvisação livre abraçam a contemporaneidade.
ACRE - The Golem has a cough (excerpt)
Vídeo ao vivo na Trem Azul http://youtu.be/9Q4K2oIbekQ