Djumbai Djazz
Maio Coopé fundou o seu Djumbai Djazz corria o ano de 1999, em Lisboa, como um projecto de pesquisa intencionado a revisitar os ritmos sonâmbulizados na sua história pessoal com a sua Guiné-Bissau natal. Maio cresceu imergido na rica e diversa cultura do país, etnicamente diferenciada e com tradições populares milenares, tais como músicas cerimoniais usada em funerais, iniciações e outros rituais, originadas e preservadas especialmente pelas comunidades Balanta e Mandinga, e a comunidade insular animista que ainda resiste no Arquipélago dos Bijagós. Habituado em criança às reuniões nocturnas junto dos mais velhos, ao redor da fogueira, para ouvir histórias a serem contadas e canções cantadas, reavaliou mais tarde em idade e consciência adulta aquele poder telúrico ancestral. Djumbai Djazz centrou-se assim desde a sua incepção em estilos tradicionais guineenses como o Ngumbé, Brocxa e Djambadon, mas o repertório da banda denota a influência de outras sonoridades da África Ocidental, revelador da vontade do seu líder em oferecer uma proposta consequente com a perspectiva de Maio sobre o que lhe interessa ser a expressão de um músico imigrante africano lusófono em Lisboa na actualidade, tendo em conta a diversidade do público para o qual toca regularmente.
Este concerto do Maio e sua banda, com entrada livre, é uma cortesia do programa “Lusco-Fusco” do Polo Cultural Gaivotas | Boavista, para o qual a Filho Único contribui com propostas de música ao vivo, seguindo-se Luís Severo a 9 de Agosto.
Ao vivo - https://www.mixcloud.com/lisbonlivingroomsessions/lisbon-living-room-sessions-10-djumbai-djazz/
Mais informações em http://www.cm-lisboa.pt/polo-cultural-gaivotas-boavista
Norberto Lobo com Ricardo Jacinto e Marco Franco
Ao longo de 2017 Norberto Lobo esteve em residência na Galeria Zé dos Bois com Ricardo Jacinto (violoncelo) e Marco Franco (bateria) a desenvolver o que se tornou o seu mais recente álbum, "Estrela", editado na casa que tem acolhido os seus últimos trabalhos, a solo e como Oba Loba (com João Lobo), a suíça Three:four Records. A receita nesta formação - com Yaw Tembe (trompete) a juntar-se ao trio pouco depois - é uma solução que traz uma vida nova à música de Norberto Lobo. Mas isso não é novidade. Norberto e a sua guitarra têm um historial de constante evolução e de procura de soluções que enriqueçam ainda mais o seu universo. A sua carreira é feita de desafios, numa demanda de aperfeiçoamento de linguagem e de como comunica com o público. Ao longo de mais de dez anos de carreira, o que compõe na guitarra tem-se tornado progressivamente liberto e arejado, numa procura da clareza e sintetização das suas ideias. A formação em trio permite as ideias de Norberto soltarem-se e transpirarem uma curiosidade revitalizada com uma requintada aproximação ao muzak, via o bebop que saltou para a década de 1950, um Ennio Morricone clássico ou John Zorn na sua formação The Dreamers enriquecido pela bossa nova. A dança de influências musicais transborda a mera recriação, é, sim, um aperfeiçoar das estéticas, culturas, linguagens e universos que têm povoado a música de Norberto ao longo destes anos. E encontrou um grupo de músicos que facilitam a visita a outras paisagens tomando como centro a sua guitarra, numa exaltação fresca e misteriosa pelo seu instrumento de eleição.
Norberto Lobo “Estrela” (2018, three:four records) - https://wearethreefour.bandcamp.com/album/estrela
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
RA Lisa: Filho Único & Zé dos Bois
Em colaboração com a Resident Advisor e a Galeria Zé dos Bois
Sábado 7 de Julho, a partir das 17h
RA Exchange
Party Starting in Lisbon
Sonic Boom in Conversation
Production Workshop
Rafael Toral
Ao vivo
Toda Matéria
John T. Gast
Doum + Iguanas + G Fema com Dj Shaka Lion
Niagara
DJ sets
DJ Narciso
DJ Lycox
Entrada livre até às 20h / 5€ depois
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"Muitos de nós já viram os artigos que chamam a Lisboa "a nova capital de arte da Europa" (ou outra generalização preguiçosa com o intuito de seduzir estrangeiros), mas não é frequente ouvir-se falar dos artistas locais que ajudaram a criar esta scene colorida e dinâmica. Dois anos depois de visitarmos Lisboa com a RA in Residence, voltamos para um fim-de-semana de eventos com a nossa série Community Connections. Durante uma semana em Julho, vamos celebrar e colaborar com uma selecção de crews, editoras e colectivos locais que estão a fazer mexer as coisas pelas razões certas.
Aliamo-nos à Filho Único, a associação cultural responsável por levar a Príncipe a um mercado internacional, e à estrutura independente para a criação, produção e promoção de arte contemporânea Zé dos Bois, para uma tarde dedicada a explorar artistas não raras vezes subvalorizados das comunidades que envolvem Lisboa. Esperem discurso, workshops, conversas e práticas ao vivo.
Em primeiro lugar: Começar Uma Festa em Lisboa. Convidamos alguns dos promotores chave em Lisboa para nos ilustrarem as suas histórias e partilharem dicas essenciais sobre promoção de eventos em Lisboa. Connosco teremos o Miguel e a Sara da Ela, a Mariana Duarte-Silva do Village Underground, o João Maria da Assemble e do Ministerium e o Pedro Marum da mina.
Depois, acolheremos o fundador dos Spacemen 3 e de Spectrum e colaborador dos Silver Apples, Sonic Boom, para uma discussão sobre a sua vasta carreira como produtor.
O nosso workshop final será com Rafael Toral, conhecido pela sua “música electrónica pós-free jazz”. Toral guiar-nos-á pelo seu arsenal e processos de trabalho com instrumentos electrónicos experimentais por si desenvolvidos.
À noite, contaremos com um elenco de artistas que representam um pouco do ecossistema musical único e diverso de Lisboa. John T. Gast apresentar-se-á ao vivo, assim como o colectivo multimedial Toda Matéria. Também em concerto teremos Doum, Iguanas e G Fema servidos por Shaka Lion, seguido dos afiliados à Príncipe DJ Lycox, DJ Narciso e Niagara, que nos levarão até às 3h da matina." https://www.residentadvisor.net/news.aspx?id=41999
Sreya + Dj Marcelle
“Ela era um Pónei. Depois entrou num ovo, Conan Osiris enrolou-a numa manta búlgara e saiu uma Sreya que precisava de cantar o que escreveu com as vacas sagradas. Juntos estrelaram o disco Emocional.” Tá certo Sreya, não esquece essa pen pros CDJs dispararem esses novos eurosons e o mic é teu pra partilharmos emoções.
Dj Marcelle, das Djs mais fixes que se pode ter a alegria de receber, pela liberdade de pensamento e instinto transgressor inspirador, toca a seguir na nossa noite no Lounge. Confiem, thee nicest mess que se pode ouvir e dançar.
Sreya "Emocional" (2017) - https://sreya.bandcamp.com/releases
Equiknoxx feat. Exile Di Brave
Colectivo da Jamaica surgido nos últimos anos apostado em revitalizar a tradição da música Dancehall a partir da terra que a viu nascer e expandir-se pelo mundo fora. A partir do seu disco “Bird Sound Power” editado em 2016, foi reunida e apresentada uma colecção de temas entre o final da década passada até então, que mostram trabalho convicto em novas e empolgantes mutações para o género, soando o resultado a algo eminentemente avançado e simultaneamente clássico, que tanto tem apelado aos puristas de folia bashment como a iniciados seduzidos pela experimentação tímbrica e de equalização na arquitectura das faixas. No ano passado seguiu-se o duplo LP “Colón Man”, por ventura olhado como o verdadeiro album de debute do projecto, adensando o seu trabalho visionário para um campo psicadélico ainda mais aberto, onde a experimentação e o risco os leva a patamares de irreverência e brilhantismo superiores.
Fundamentalmente alicerçado nas figuras e talentos de Gavin “Gavsborg” Blair - um já reputado autor de sons para gente como Busy Signal, Sizzla, Vybz Kartel ou Beenie Man - e Time Cow (Jordan Chung), apresentar-se-ão no Jardim dos Coruchéus na típica operação de sistema de som ao ar livre, como Djs a lançar a base instrumental e processamento de efeitos em tempo real e com o MC Exile Di Brave (substituindo a vocalista Shanique Marie, que teve de abandonar a presente tour europeia por razões de saúde), uma equação de festa de rua arejada e inclusiva.
Canal Youtube - https://www.youtube.com/user/OfficialEquiknoxx
FACT Mix - http://www.factmag.com/2016/08/29/equiknoxx-fact-mix
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
NOITE PRÍNCIPE c/ Dj Bboy, Bubas, Dj Firmeza e Dj Maboku
DJbboy - https://soundcloud.com/dj-b-bo
Bubas - https://soundcloud.com/bubas-produtor
Dj Firmeza - https://soundcloud.com/dj-firmeza
Dj Maboku - https://soundcloud.com/dj-maboku
Poster por Márcio Matos
Lena d’Água e a Banda Xita
Em Janeiro deste ano, na Galeria Zé dos Bois, acompanhados por músicos recrutados ao colectivo Xita Records, Primeira Dama e Lena d'Água revisitaram o cancioneiro um do outro, juntando aos clássicos da cantora o ainda fresco repertório de "Histórias por Contar" e "Primeira Dama", discos editados pelo músico em 2016 e 2017.
Ícone da pop-rock portuguesa, Lena d’Água começou a cantar na década de 70, ficando pra história como a primeira mulher a integrar uma banda rock como vocalista, neste caso os progressivos Beatnicks. Enturmou-se e potenciou (n)o tecido criativo e editorial da música popular em expansão no dealbar dos 80 e afirmou-se como um dos corpos e almas do convencionado boom do rock português. Primeiro com os Salada de Fruta e depois a Banda Atlântica, antes de se aventurar a solo com exponencial sucesso, sempre apoiada pelo cúmplice criativo Luís Pedro Fonseca, até ao LP “Aguaceiro” de 1987, já composto com um leque de autores convidados. Acercou-se do círculo de músicos do Hot Club de Lisboa no final de uma década 90 difícil e anos depois grava repertório seu e não só com arranjos jazz em “Sempre” que sai com selo Blue Note em 2007. No ano passado viu o single em 12’' vinil “Jardim Zoológico / Tao”, dois temas de 83 e 86 respectivamente, lançado pela neozelandesa Strangelove, para o circuito internacional das reedições de música de dança, que acolheu entusiasticamente as duas canções pop elegantemente exóticas.
Esta filha e irmã de dois gigantes que marcaram a história do Benfica apresenta-se no coração do bairro de Alvalade com a Banda Xita, capitaneada por Primeira Dama (nas teclas e voz), e incluindo Inês Matos (na guitarra), António Queiroz (no baixo), João Raposo (nas teclas, voz e electrónica) e Martim Brito (na bateria).
Canal Youtube Lena d’Água - https://www.youtube.com/user/aguashelena/videos
Xita Records - https://xitarecords.bandcamp.com
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Mark Ernestus' Ndagga Rhythm Force
Esta aventura começou quando Mark Ernestus (co-fundador da Hard Wax, Dubplates & Mastering, Basic Channel, Chain Reaction, Rhythm & Sound, revolucionário nos últimos 25 anos da relação da música electrónica com o minimalismo, inspirado-se na estrutura esquelética do Dub e o seu sentido de espacialidade como um parâmetro musical fundamental) viajou para o Senegal em busca dos ritmos do sabar e mbalax. Com guias e assistência local conseguiu convidar mais de 20 percussionistas e outros músicos para uma sessão de gravação espontânea em Dakar, com percussionistas sabar do clã local Jeri-Jeri a tocar os ritmos básicos. Esta iniciativa de trabalho adensou-se com Mark a regressar e a encetar novas sessões de estúdio. De regresso a Berlim fez os arranjos e misturas e lançou a música em 2012 na edição gémea "800% Ndagga" e "Ndagga Versions” creditando-as como "Mark Ernestus presents Jeri-Jeri” - simplesmente usando o nome do clã dos percussionistas de sabar. Mas isto foi apenas o princípio: desde então o projecto evoluiu para algo novo por direito próprio. Do conjunto inicial de artistas envolvidos, Mark recrutou um grupo mais pequeno e nuclear com quem intensificou a colaboração, fez uma digressão na Europa e gravou novos temas. A formação tornou-se uma entidade ao vivo demolidora tocando em festivais e clubes de referência no velho continente, sendo constituído pela cantora/MC Mbene Diatta Seck, o mestre do talking drum Modou Mbaye e o dançarino Fatou Wore Mboup, para além de dois veteranos lendários como o percussionista sabar Bada Seck e o guitarrista Assane "Ndoye" Cisse - ambos tocaram com a estrela Baaba Maal por mais de 30 anos - e alguns mais promissores novatos da comunidade musical de Dakar. Há dois anos lançaram “Yermande”, e a repetição rigorosa ao encontro de complexidade rítmica, num funky pandémico de um mbalax próximo nível, atingiu um estado divinal, e chegou finalmente a hora e o lugar da primeira vez ao vivo deste sonho em Lisboa.
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Brigid Mae Power
Quando se estreou em 2016 com o seu álbum homónimo, Brigid Mae Power forçou um exercício pouco comum: pensar na folk como acção de futuro. Irlandesa, nascida em Londres, com vida em Nova Iorque, um álbum gravado no Oregon e outro em Galway (onde actualmente reside), tem no currículo colaborações com Lee Ranaldo, Alasdair Roberts e Richard Dawson, é versátil no acordeão, ukelele, piano e harmónio e conta com a visão de Peter Broderick na produção dos seus álbuns. Detalhes que pouco justificam a sua música de sobrevivência, de coragem e clarividência, que procura e cria estímulos enquanto se desenvolve, mas que ajudam a perceber como se completa e satisfaz em si mesma, em circuito fechado. Brigid Mae Power convida à reconfiguração do mantra na folk, celebra o extraordinário da repetição e faz um brinde conjunto a John Fahey, Fairport Convention, Joni Mitchell, Terry Riley e Bob Dylan. No seu mais recente “The Two Worlds”, desbasta o carácter devocional da sua música – anunciado logo na primeira canção do seu primeiro álbum, “It’s Clearing Now” – e celebra as luzes da libertação. Música livre, cheia de coração e com um apetite voraz. Uma estreia em Portugal que nos é muito querida.
Canal Youtube - https://www.youtube.com/channel/UCttccvuj9Kwt1Ho577JbBMQ
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Luís Severo
Foi com o seu quarto longa-duração “Cara D’Anjo” em 2015 que Luís Severo assinou pela primeira vez com o seu nome, deixando cair o anterior nome artístico O Cão da Morte, seguindo-se o ano passado o transversalmente celebrado longa duração “Luís Severo". Discos de uma sofisticada confiança, o seu charme e brilho que a tantos tocou parece resultar de o seu autor ter encontrado o equilíbrio optimizado entre talento e técnica que procurava para o seu ofício da escrita de canções, dado que persistência nunca lhe faltou. Já bebia (da) e convivia com a nova guarda - B Fachada, Samuel Úria, Pega Monstro -, e nos últimos anos conduzido pela sua sede de (se) conhecer, teve aulas de canto, continuou a comprar equipamento de estúdio, e mergulhou na história do fado, com particular paixão por Argentina Santos, descobrindo novas, clássicas, formas de trabalhar a língua, dicção e métrica. A voracidade da ideia musical com apetite pelo registo imediato deu lugar à sua noção de tempo na escolha assertiva de melodias e arranjos, com a consistência pela experimentação patente nos discos até aqui a dar lugar a um patamar interessante de aprimoramento que importa continuar a seguir.
Este concerto de Luís Severo a solo, com entrada livre, é uma cortesia do programa “Lusco-Fusco” do Polo Cultural Gaivotas | Boavista, para o qual a Filho Único contribui com propostas de música ao vivo.
"Pianinho" (2017) - https://luissevero.bandcamp.com/album/pianinho
"Luís Severo" (2017) - https://luissevero.bandcamp.com/album/lu-s-severo
Mais informações em http://www.cm-lisboa.pt/polo-cultural-gaivotas-boavista
Rafael Toral revisita "Wave Field” Versão Surround
A propósito das recentes reedições da Drag City de dois álbuns seminais de Rafael Toral, “Sound Mind Sound Body” e “Wave Field”, surgiu o desafio para uma revisitação à música ambiente que compôs para guitarra durante os 1990s e parte da década seguinte. Apresentar “Wave Field” ao vivo, cerca de um quarto de século após a sua criação, revelou-se como a escolha óbvia dado o carácter transformativo da obra e a expansão além do domínio da música ambiental. A música de “Wave Field” surge subitamente na vida de Rafael Toral, num momento em que descobria novas abordagens para pensar na música que queria compor. Quando os Buzzcocks abriram para os Nirvana, em Cascais, fevereiro de 1994, Toral apercebeu-se de que a má acústica da sala criava um som eléctrico-flutuante único que o inspirou a explorar a ressonância da guitarra para territórios mais abstractos. O material base de “Wave Field” foi gravado ao longo de uma tarde, mas Toral trabalhou cerca de um ano a misturar o álbum e a afiná-lo para que concretizasse aquilo que imaginou. “Wave Field” renova-se constantemente, à vontade do ouvinte - ou não -, como uma corrente de som que flui para o infinito. Há uma delicadeza e candura nos sons que gravou, que permitem que seja um álbum ambiente-suave, quase como música de embalar; ouvido mais alto sofre uma metamorfose, as diferentes camadas e as ressonâncias relembram que a base é som extraído de uma guitarra e que existe uma base rock, eléctrica, na sua composição. Ao vivo, “Wave Field” será apresentado em surround, com um sistema multicanal que será instalado no centro do Jardim das Esculturas. Rafael Toral irá operar uma mistura especial de “Wave Field” na mesa, preparada especialmente para esta ocasião. Único e histórico.
Reedição Drag City, 2018 - http://www.dragcity.com/products/wave-field
Remastered, 2016 - https://rafaeltoral-r.bandcamp.com/album/wave-field-remastered
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
NOITE PRÍNCIPE c/ DJ Dadifox, Allas G, Nídia, DJ Lilocox
DJ Dadifox - https://soundcloud.com/demon-beatzz
Allas G - https://soundcloud.com/theeallaasg
Nídia - https://soundcloud.com/nidiasukulbembe
DJ Lilocox - https://soundcloud.com/deejay-lilocox
Poster por Márcio Matos.
Mais informação em http://www.musicboxlisboa.com
Sallim
Jovem cantautora nacional, com gracioso talento também em desenho e artes gráficas, que lançou o mui incensado “Isula” há dois anos - num serão memorável na Galeria Monumental - e que integra as fileiras do colectivo e editora Cafetra Records, de Lisboa. Em voz e guitarra tem construído um repertório sofisticado de canções doces, suavemente acima do chão, com ecos de Mazzy Star num sonho distante e uma linguagem sua a aprimorar-se a olhos e ouvidos actuais.
Vitor Belanciano na sua crítica para o Público qualificou a sua música e justamente de “flor tridimensional”, e nesta ocasião teremos oportunidade de conferir os novos avanços e canções que irão integrar o aguardado segundo álbum.
Bandcamp - https://sallim.bandcamp.com
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Barre Philips
Este cavalheiro octogenário natural de San Francisco, há muito sediado no Sul de França, é simplesmente um dos contrabaixistas mais seminais na definição do que foi o cruzar do movimento cultural do free jazz Norte-Americano e a esteira da improvisação livre Europeia a partir da década de 60, contribuindo para novas e múltiplas avenidas de expressão em música e som. Ao longo da década tocou e gravou ao lado de ilustres como Eric Dolphy, Archie Shepp, Lee Konitz ou Marion Brown, e as suas gravações em ’68 de improvisações a solo de contrabaixo, editados nos Estados Unidos como "Journal Violone", "Unaccompanied Barre" no Reino Unido, e "Basse Barre" em França, é usualmente referido como o primeiro disco a solo de contrabaixo - assim como o disco de 1971 "Music from Two Basses", com Dave Holland, na ECM, o é para a catalogação como o primeiro dueto de contrabaixos alguma vez lançado. Com uma discografia extensa - gravou em estúdio e ao vivo encontros em dueto com Barry Guy, Keiji Haino, Peter Kowald ou Derek Bailey, em trio como o com Evan Parker e Paul Bley no início dos 90, e mais recentemente títulos com Joe e Mat Maneri - e apresentações regulares ao vivo com pares de diferentes gerações, tem também ao longo do tempo trabalhado em música para cinema, como nos casos de "Merry-Go-Round", de Jacques Rivette, de 1981, ou "Naked Lunch", de David Cronemberg, de 1991, com Ornette Coleman.
Não sendo um estreante em visitas a Portugal, esta será por ventura a primeira vez que se apresentará a solo no nosso país, uma ocasião que nos enche de particular regozijo, tamanho o exemplo de talento, persistência e honestidade do músico em questão.
Uma co-produção com a EGEAC, Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
NOITE PRÍNCIPE c/ DJ Narciso, Niagara, DJ Nigga Fox, DJ Kolt (B.N.M.)
Poster por Márcio Matos.
DJ Narciso - https://soundcloud.com/djnarcisorsprod
Niagara - https://soundcloud.com/niagara-1
DJ Nigga Fox - https://soundcloud.com/dj-nigga-fox-lx-monke
DJ Kolt (Blacksea Não Maya) - https://soundcloud.com/dj-kolt-b-n-m
Filho Único Apresenta Pedro Brito + Mynda'Guevara + Diogo
Lounge do doce retorno em Setembro com a vontade e frescura de Pedro Brito e Mynda'Guevara ao vivo.
Mano cassula de Rudi Brito - Luar Dominatrix, Yong Yong, et al -, Pedro estudou (estuda?) artes visuais nas Caldas e tem vindo a fazer música exploratória de processos caseiros e formas electrónicas endémicas.
Seguir-se-á Mynda’Guevara na mike, que tantos conquistou no RA Lisa na Z que ajudamos a fazer há um par de meses, das mais bravas novas vozes do Rap Krioulo a relatar verdadis sem bazofaria.
Dj set da noite fica nas mãos de Diogo, afiliado da Extended Records e fundador e director da revista PISTA!.
Pedro Brito - https://waterdownrobotroute.bandcamp.com/album/i
Diogo - https://www.mixcloud.com/diogo-vasconcelos0/stream
OUT.FEST 2018 - ANTON NIKKILÄ + VLADIMIR TARASOV
ANTON NIKKILÄ apresenta Literal Translations
Anton Nikkilä é um músico e compositor finlandês cujo trabalho desenvolvido desde o início da década de 1990 tem tido os mais vários pontos de contacto com as músicas underground da Europa de Leste, e em particular com o período pós-soviético: colaborou durante mais de 10 anos com o russo Alexei Borisov, uma das figuras fundamentais da comunidade experimental de Moscovo, especializando-se enquanto investigador e promotor da música industrial desenvolvida entre 1980 e 2000 na cidade-coração da URSS.
‘Literal Translations’, a nova obra audiovisual que apresentará no Barreiro, é um filme-sem-filme, montada num sistema quadrafónico ‘vertical’ e ‘anti-imersivo’, cuja matéria-prima conceptual é a sua interpretação histórica do vanguardismo artístico soviético.
VLADIMIR TARASOV
Nascido em Archangelsk (Rússia), mas de nacionalidade lituana, Vladimir Tarasov é uma das figuras-maiores do jazz para além da ‘Cortina de Ferro’; percussionista extraordinário, fez parte durante década e meia do superlativo GTC / The Ganelin Trio, com o qual, juntamente com Viatcheslav Ganelin e Vladimir Chekasin, ajudou a fazer a história do free jazz europeu construindo pontes fundamentais entre regimes, geografias e políticas.
Editou, em cerca de quatro décadas, mais de 100 discos, divididos entre o trio, orquestras, álbuns a solo e colaborações com figuras míticas ocidentais como Andrew Cyrille, Anthony Braxton ou o Rova Saxophone Quartet, bem como pares incontornáveis do leste europeu como Gyorgy Szabados ou o recentemente falecido Thomas Stanko.
‘Thinking of Khlebnikov’, a peça para percussão solo que apresentará no Barreiro, é um diálogo imaginado entre Tarasov e o icónico poeta e dramaturgo Velimir Khlebnikov, actor central no movimento Futurista russo do início do séc. XX.
OUT.FEST 2018 - JOÃO PAIS FILIPE + TODA MATÉRIA + TELECTU Belzebu + GROUP A + NÍDIA
JOÃO PAIS FILIPE
Baterista, percussionista e escultor sonoro do Porto. O seu percurso enquanto músico tem sido caracterizado pela imersão numa amplitude de estilos e linguagens, em bandas como os Sektor 304, HHY & The Macumbas, Montanha Magnética, entre outros, ao mesmo tempo que mantém uma actividade regular no universo da música improvisada, tocando com nomes como os de Evan Parker, Carlos “Zíngaro” ou Rafael Toral. João Pais Filipe tem desenvolvido também um trabalho de construção de gongos, pratos e outros instrumentos percussivos de metal, através do qual explora tanto as propriedades acústicas destes objectos como a sua potencial dimensão escultórica e imagética. Irá editar o seu primeiro album de percussão solo em Setembro e o OUT.FEST será uma das datas de apresentação do mesmo.
TODA MATÉRIA
Joana da Conceição (artista plástica e sonora que faz parte da história do OUT.FEST desde a sua 1ª edição e através das subsequentes actuações enquanto parte do duo Tropa Macaca) convidou, no início deste ano e como forma de celebrar a sua exposição individual 'Cores em Silêncio' na Galeria Lehman + Silva, no Porto, várias cúmplices de diferentes disciplinas artísticas para um momento performativo singular, experiência que adaptou aos palcos, subsequentemente, para uma actuação na Galeria ZDB a propósito de um especial da Resident Advisor em Lisboa.
Para o OUT.FEST 2018, Joana da Conceição, Maria Reis, Mariana Pita, Sara Graça, e Sara Zita Correia voltam a formar TODA MATÉRIA. Esta roda de cinco promete avaliar os contornos de energia, examinar a influência dos elementos e descobrir vazios, bem como áreas de energia acelerada, em colisão ou estagnada, afim de curvarem o tempo e abrir o espaço no que será um espectáculo multidisciplinar que cruza dança, música, luz e pintura.
TELECTU Belzebu
Um dos tomos dos saudosos Telectu de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua, que agora é repescado pela recentíssima Holuzam, selo nacional com sede nos soldados por detrás da Flur, que decidiram - para já - pegar em relíquias da música electrónica nacional da década de 1980. ‘Belzebu’ foi o segundo disco dos Telectu, um projecto realmente valente na história das vanguardas (no sentido “antigo” da coisa) nacionais ligadas à música, cruzando vários campos relativos à composição contemporânea, à transição da modernidade para a pós, à utilização de sintetizadores, escalas não-ocidentais, à improvisação, a formas ligadas ao jazz, ao rock, a uma pop depois de Warhol.
Estes Telectu são Rua e António Duarte, amigo do duo icónico, e crucial arquivista do material artístico do conjunto, que estreou esta celebração do 35º aniversário de 'Belzebu' no Teatro Maria Matos há uns quantos meses, já em 2018. Material quase bíblico na cronologia da exploração sonora e musical em Portugal a reactualizar-se ao vivo, para que a fonte não pare de jorrar.
GROUP A
Duo feminino japonês transgressor de ortodoxias estilísticas, logísticas e económicas, condutoras de um minimalismo não-onda, caravana da imaginação, denotando lições e inspirações do Dada, arte performativa e demais campos de fronteira, confronto e síntese quer a nível visual, quer musical dos que aprendem por si atirando-se no informe. Formadas em 2012, estão há dois anos baseadas em Berlim onde são peça nuclear na Mannequin Records, e encontram-se actualmente a trabalhar no seu próximo disco e numa peça de teatro com o encenador e coreógrafo de Montréal, Dana Gingras.
NÍDIA
Psicadélica, pioneira, confiançuda, multicolor, impiedosa, ‘Nídia é Má, Nídia é Fudida’. Produtora de música electrónica completamente fora do baralho e a dar mais cartas que quase quem quer que seja no mundo hoje em dia, nasceu na Margem Sul e prosseguiu no fim da adolescência para Bordéus. Já gracejou as páginas de algumas das publicações mais importantes do mundo, que se curvaram perante o poderio em questão, mas no fundo o que fica é a música - e que maravilha ela é.
O seu tempo em França deu-lhe maior familiaridade com o zouk e o decalé, que, acrescidos à familiaridade que já tinha com batida, kuduro, tarraxo e demais vocábulos da grande Lisboa negra, e à sua imaginação tão fantasiosa quanto construtiva, deu um caminho daqueles bons. Súmula riquíssima e depurada de pop e de várias formas de música de dança comunitária, destiladas num novo e individualizado vocabulário pessoal, que, no fundo, é de todos. Sem medo.
OUT.FEST 2018 - OPUS PISTORUM + IMPÉRIO PACÍFICO + ODETE + KEROX
OPUS PISTORUM
Heterónimo da jovem promessa barreirense Hélder Menor aka Tiny Montgomery, que sendo roceiro e adorando os Felt (dizemos nós), fez um raio de uma construção pop dançável, cancionetista, de feira popular metafísica, onde todos os tipos de confronto, fontes e vocabulários estilísticos têm que se degladiar pela oportunidade de fazer parte destes objectos sonoros. Fontes bem simples e frugais mas com brio e acabamento. A pica aqui é feita de sonho e das insondáveis capacidades analíticas dos artesãos da Margem Sul. Parte do colectivo Linha Amarela, que começa, ao seu jeito pioneirista, a encontrar o seu tipo de lugar no estranho e anímico “panorama” da música independente nacional actual.
IMPÉRIO PACÍFICO
Duo de Luan Bellussi e Pedro Tavares, ligado essencialmente à música electrónica mas permanentemente aberto a todas as formas e meios cativantes de experimentação. Fazem no OUT.FEST uma das suas primeiras datas fora de Setúbal e Lisboa, num dos arranques mais interessantes da música independente portuguesa dos últimos anos. Depois de uma série de EPs digitais e físicos pela Alienação e Rotten Fresh, dois expoentes pertinentes da actividade da Grande Lisboa e subúrbios dos últimos anos, lançaram recentemente ‘Racing Team’, jogada representativa do seu movimento cada vez mais numa direcção inovadora das novas músicas de dança. Têm noções de estrutura, acabamento, narrativa, composição, pertinência pop, estranheza dialéctica, cruzando várias referências dos últimos 20 anos (Boards of Canada, Oneohtrix Point Never, James Ferraro, Mouse On Mars, mas tantas outras coisas). Gente com a cabeça a funcionar bem e rápido, mas com claras noções éticas e filosóficas do domínio da macronarrativa. Enfim, conversa cara para dizer que valem a pena.
https://imperiopacifico.bandcamp.com/album/racing-team
ODETE
Odete é uma Dj, produtora e artista plástica lisboeta numa missão de criação catártica e libertadora; igualmente à vontade nos meandros do techno industrial ou do noise, mas também do reggaeton e do dancefloor em geral, todo o seu trabalho se conecta intimamente com a sua história pessoal e a sua jornada enquanto mulher trans, deixando sonicamente patentes o contacto com fronteiras, emoções, equívocos e processos de empowerment. É uma das vozes mais activas e fortes da cada vez mais celebrada e saudavelmente heterogénea cena da música electrónica na capital.
http://discwoman.com/mixes/odete
KEROX
Kerox é António Queiroz, um dos produtores do portefólio da editora Xita Records, um entusiasmante selo lisboeta que tem dado cartas nos últimos anos com novos valores dos mais diversos campos estéticos.
'Sarna', disco editado no início deste ano, é uma longa viagem em dois actos por uma electrónica transviada e cheia de ângulos inesperados, dançável de igual modo pelo corpo e pela cabeça.
https://xitarecords.bandcamp.com/album/sarna
OUT.FEST 2018 - CLOTHILDE + KAJA DRAKSLER + LEA BERTUCCI
CLOTHILDE
Álias de Sofia Mestre, colorista, fotógrafa, desenhadora e não só, que se encontrou enquanto música na viragem para os 40. Trabalha a partir da herança de pós-minimalistas, improvisadoras e compositoras de mente aberta, como Pauline Oliveros, Maryanne Amacher, Daphne Oram, Eliane Radigue ou Delia Derbyshire, para criar a partir de bases electrónicas modulares - tecnologia feita pelo seu companheiro Zé, aka HOBO -, novas paisagens e realidades emocionais e estéticas.
Pelo facto de ter chegado relativamente tarde à criação musical, tem qualidades frontais punk que cruza com uma experiência de vida já assinalável, e é essa intersecção, entre a clareza e fluidez do seu raciocínio e estruturação musicais, que a destaca da/os demais. Tudo o que está no seu disco de estreia ‘Twitcher’, lançado pela Labareda, tem o pulso vivo daqueles que querem sentir. Álbum que vale a pena ouvir, das mais entusiasmantes artistas lisboetas a desenvolver trabalho neste 2018.
https://labareda.bandcamp.com/album/twitcher
KAJA DRAKSLER
Nascida nos subúrbios de Ljubljana, Eslovénia, em 1987, Kaja Draksler tem formação superior em piano jazz (foi aluna de Vijay Iyer e Jason Moran) e em composição clássica, em Amesterdão, onde fixou residência e tem vindo a contribuir firmemente para a cena do jazz criativo e da música improvisada na Holanda.
Tem tocado regularmente um pouco por toda a Europa, em duo com a trompetista lusa Susana Santos Silva, com o seu próprio octeto (uma das formações mais notáveis e originais do actual panorama do jazz europeu) ou a solo, formato em que se apresenta no OUT.FEST 2018.
LEA BERTUCCI
Compositora e performer norte-americana emergente cujo trabalho se debruça sobre as relações entre os fenómenos de acústica e a ressonância biológica. Para além da sua técnica e prática instrumental em alto saxofone e clarinete baixo, as suas apresentações tendem a integrar difusão multi-canal nos sistemas de som, feedback electro-acústico, trabalho de colagem em fita, entre outros processos de experimentação em música e som, sem pruridos pelas expectativas musicais com que o público e a crítica a ela têm chegado.
OUT.FEST 2018 - RICARDO ROCHA + CÂNDIDO LIMA Oceanos + RAFAEL TORAL SPACE COLLECTIVE 3 plays MOON FIELD
RICARDO ROCHA
Nome incontornável do repertório da guitarra portuguesa e da composição contemporânea nacional. Agraciado já por duas vezes com o Prémio Carlos Paredes, assim como recipiente do Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para Jovens Compositores e Troféu Amália Rodrigues para Melhor Guitarra Portuguesa, diz sempre ter distinguido e vivido “com muita disciplina os dois mundos: a guitarra e o mundo do fado, e depois poderia criar-se outro mundo paralelo ao do fado”. Ou como a editora Mbari propunha em 2010 pelo lançamento do seu segundo álbum “Luminismo”, apelando a entendê-lo para além da técnica fenomenal evidenciada, Ricardo Rocha “assemelha-se mais a um cirurgião, extraíndo o tumor ‘Fado’ de um instrumento que raramente conheceu vida própria, para além da inscrita nessa tradição de Lisboa”.
CÂNDIDO LIMA Oceanos
Compositor nascido em 1939 em Viana do Castelo, completamente fora do baralho mediaticamente digerível nas últimas décadas, que estudou com Xenakis no pico. ‘Oceanos’ é uma peça realizada em 1979, concebida para produzir um efeito como se de “uma hecatombe numa sala” se tratasse. Com trabalho lumínico, de projecções, e da especialização de som afecta à “sua” electroacústica para a tornar na experiência total da não só saudosa, como cada vez mais necessária experiência do final do modernismo.
É pioneiro de inúmeras formas técnicas e tecnológicas na música portuguesa no campo da composição contemporânea, tendo tido todo o tipo de oportunidades e conquistas académicas - entrevistas a Boulez e Ligeti; estágio na Sorbonne; bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura.
No meio destas poeiras, a música é bonita e tem uma raiva interior que vem… da água. ‘Oceanos’ fica então no panteão desta fase mais abstraccionista, nas suas várias facetas, do PREC, que agora é revisitada em tempo útil, para que melhor se entendam as tramas da história do vanguardismo musical português do último meio século.
RAFAEL TORAL SPACE COLLECTIVE 3 plays MOON FIELD
Pioneiro da música exploratória em Portugal, do final dos anos 80 até hoje, e reiteradamente - e com o maior orgulho – repetente no OUT.FEST, Rafael Toral apresenta-se num trio lançado pela Room 40, etiqueta do tropa Lawrence English, que tem mantido a batalha acesa pelos cromos mais raros nos últimos anos largos.
Toral apresenta-se nesta formação num território entre um jazz modal atomizado, e as suas pesquisas acerca de como a electricidade pura pode frasear num novo vernáculo, livre e solto como os passarinhos, entre acordes, silêncios e pausas. Um transporte para uma nova realidade onde tudo o que de natural, analógico e digital se funde, livremente.
Cada vez mais uma figura essencial das grandes evoluções da música electrónica mundial no último quarto de século, que neste ano viu a reedição do seu maravilhoso ‘Wavefield’, é com o maior orgulho que vemos as novas vistas que tem para nos mostrar – literalmente, uma vez que o concerto será acompanhado pela projecção dos maravilhosos desenhos de Rui Toscano que ilustram o disco 'Moon Field' -, agora que virou o eremita mais produtivo da comunidade experimental portuguesa.
https://rafaeltoral-r.bandcamp.com/album/moon-field
OUT.FEST 2018 - JIMI TENOR + HHY & THE MACUMBAS
JIMI TENOR
Espírito realmente curioso e arrojado, Jimi Tenor é cidadão finlandês faz agora 53 anos. Está no nascimento da crucial Säkhö, que com amigos como Mika Vainio redesenhou o que seria o underground neo-futurista de Helsínquia. Anda nisto há muito, entre esse seu selo, a Kitty-Yo ou a Warp, e ajudou a derreter fronteiras de vocabulário musical e social.
Trabalha em canção ocidental pop, ritmos africanos, electrónica e acústica, canção e paisagem abstracta, mas no fundo fica a ideia que ele é um frontman de olhos postos no que pode ser. Trabalhou com Tony Allen (esse mesmo, o baterista de Fela Kuti) e variadíssimos outros, e já este ano edita um disco completamente pirata, ‘Order of Nothingness’, em que mistura sopros transcontinentais com polirritmias vindas de todos os cantos do globo. Um passarinho existencialista, com muitas faces, mas que dá a cara pelo que der e vier sempre em procura de uma coisa nova que lhe dê pica.
HHY & THE MACUMBAS
Unidade sediada no Porto, reunida e liderada por Jonathan Uliel Saldanha (HHY), membro co-fundador do colectivo Soopa e músico que o Barreiro tem ainda fresco na memória após a sua inesquecível apresentação com o Coral TAB e Be Voice na Igreja de Santa Maria na edição de 2017. São das mais consistentes, fascinantes e únicas propostas na música nacional ao longo da última década. Música ritualista com o seu próprio conjunto de hábitos e referências, cruzando variadíssimas culturas ritmistas, fontes acústicas, eléctricas e electrónicas, onde basicamente vale tudo o que beneficie a hipnose colectiva - dos músicos e do público, que invariavelmente vira dançarino; seja em corpo ou em mente. A cada show vêm com uma ideia nova, seja um objecto, roupas, luzes, imagem, novas dicas de instrumentação. No seu elenco está um verdadeiro conjunto all-star de guerrilheiros nortenhos, que têm feito do Porto uma cidade com trincheiras artísticas e cívicas onde se pode ter fé. Gente que trabalha no campo a nível de composição, actuação, edição, promoção de eventos, desde o início deste século, e que se mantém, sempre a progredir. Para a frente, que é para onde interessa. Das grandes bandas de festa metafísica deste nosso país.
OUT.FEST 2018 - YEK: BURNT FRIEDMAN & MOHAMMAD REZA MORTAZAVI + LOTIC + LINN DA QUEBRADA + FRET
YEK: BURNT FRIEDMAN & MOHAMMAD REZA MORTAZAVI
Burnt Friedman é um nome histórico da música electrónica alemã e europeia; a sua carreira, que se aproxima já das quatro décadas, inclui colaborações com gente como David Sylvian, AtomTM
ou o saudoso Jaki Liebezeit (baterista dos Can que tivemos oportunidade de apresentar no OUT.FEST 2016, poucos meses antes do seu sentido falecimento), com o qual e durante 17 anos desenvolveu o projecto 'Secret Rythms', ainda hoje uma preciosidade absoluta, com o seu cruzamento da música electrónica e da percussão orgânica num material sonoro alheio às fórmulas e referências de composição do Ocidente e de todo o Hemisfério Norte.
É precisamente essa longa colaboração com Jaki Liebezeit que primeiro é evocada no disco lançado no final de 2017 em duo com Mohammad Reza Mortazavi, mago iraniano da percussão que através do seu tombak (instrumento tradicional do Irão) desenvolve técnicas e trilhos que vão muito para além da tradição musical persa.YEK (nome dado ao projecto que une estes idiossincráticos criadores) é uma maravilha percussiva e simultaneamente ambient, na qual as fontes sonoras electrónicas e acústicas se completam e dissimulam em temas circulares e pequenas narrativas sónicas. Um trabalho de dois singulares mestres.
LOTIC
Dj e produtor J’Kerian Morgan de seu nome, crescido em Houston, Texas, onde fez estudos superiores em composição eletrónica e saxofone até se mudar para Berlim em 2012. Aí ajudou a nascer o influente colectivo Janus e afirmou-se como uma das vozes mais assertivas da frente avançada da club music europeia. O seu disco “Hererocetera” de 2015 na Tri Angle Records é um compêndio de electrónica experimental vertendo melodias sintéticas espectrais em soluções de batidas niilistas mileniais. O seu longa duração de estreia “Power” foi editado em Julho, conceptualmente alicerçado na paixão do autor pelas marching bands do Texas e o livro “Between The World And Me” de Ta-Nehisi Coates.
LINN DA QUEBRADA
Linna Pereira, mais conhecida como Linn da Quebrada, é uma actriz, cantora, compositora e ativista transexual, artista fundamental do Brasil e de São Paulo para o avanço artístico, humano e civilizacional na música brasileira no geral, e no funk em particular. Atravessa todas as barreiras cruciais a nível de género, classe, história, para que todos nós tenhamos menos medo e mais confiança naquilo que devemos fazer quando confrontamos. Em disco, fez o fantástico ‘Pajubá’, tudo pura produção e execução independente. Em palco, é absolutamente possuída pela fúria da verdade, pontuada com a classe e a serenidade natural de quem sabe absolutamente que o que está a fazer é precioso e deve ser bem tratado. Vem com toda a sua turma - Jup do Bairro na segunda voz, uma DJ, outro DJ, Domi na percussão, para show completo que tem feito explodir palcos por todo o Brasil e Europa. Um funk paulista não só sem medo do mundo, como absolutamente certo que vai na direcção que vale a pena. “Bicha, trans, preta e periférica. Nem ator, nem atriz, atroz. Performer e terrorista de género”. Puro fogo, totalmente necessário, de uma das artistas mais importantes a sair do Brasil este século, para um dos picos da nossa noite de sábado.
FRET aka MICK HARRIS
Lorde original dos blast beats como baterista nos Napalm Death, Extreme Noise Terror e Godflesh, é porventura o seu trabalho com o pseudónimo Scorn que mais influenciou uma diversidade de criativos musicais a operar sob a égide transgressora do encontro entre a linhagem Industrial e a cultura Dub. Depois de um hiato de vários anos, está de regresso como Fret, proposta vencedora do escuro tecnóide como só ele aprimorou realizar, com o seu característico peso colossal de graves e insigne densidade textural.
OUT.FEST 2018 - JOHN T. GAST + DJ LYCOX
JOHN T. GAST
Figura britânica vagamente misteriosa, inicialmente a surgir no horizonte como parte da milícia abstracta ligada aos Hype Williams e a Dean Blunt. Entretanto consta que tem estado por zonas litorais do sul nacional, entre ondas e terra, onde continua o seu trabalho de encriptação, iconografia de despiste e outras técnicas de desreferencialização (inventámos agora). Trabalha com várias fontes de gravação, músicos ao vivo que aparecem assim meio impromptu consoante os aliados que estão no terreno no tempo da actuação, e tornou-se importante também por fazer questão de ser tão vaporoso numa época obsessiva com vários tipos de processo de sobreposição. A cada vez que surge em gravações ou em palco, oferece visões onde o tempo e o local parecem sumir-se enquanto realidades claras, para tentar criar mundos e sensações paralelas. Cromo total, claro, e é por isso que faz parte do cardápio.
DJ LYCOX
Prodígio do Portugal negro, actualmente a viver em Paris, é das figuras mais proeminentes da revolucionária movida da editora Príncipe. De todas as figuras provenientes da vida, cultura e expressão dessa recente portugalidade pancontinental, é dos mais talentosos do ponto de vista da pertinência e sensibilidade de ouro para uma grande melodia e para o poder pop que uma boa canção, mesmo que - quase sempre - instrumental pode ter. Por cima disso, é absolutamente diabólico a trabalhar as quebras rítmicas dos vários vocabulários em que manobra (estar em França deu-lhe informação disponível mais correntemente do que nos bairros de Lisboa e Margem Sul a nível de cultura globalista), rematando tudo com a sua própria visão de como calibrar as nossas tendências de compressão sonora da pop black norte-americana, mesmo que as raízes venham “do Congo”. Na sua última aparição nacional, na Galeria Zé dos Bois, mostrou o quão profícuo e magnético virou enquanto DJ, com sequências imparáveis de cores, ritmos e pura energia, que só não levou a um novo 25 de Abril porque não havia nem cravos nem AK’s na mão. Craque que encerra o OUT.FEST 2018 na mais alta das notas.
PArtS convida FILHO ÚNICO: DJ sets por Noah Lennox, Yen Sung, Rita Só, Slight Delay, Tsuri
Este Sábado nos Anjos há uma festinha à tarde para a qual fomos amavelmente convidados pela P. Art. S. - da designer de moda FERN (Fernanda Pereira) e Isabel Braz (ethiCollective) - a participar na organização.
Juntem-se a nós a partir das 16h, no pátio interior do Palácio GV, no número 55 da Rua Maria da Fonte, para uma matinée dançante ao som de selecções DJ por Noah Lennox, Yen Sung, Rita Só, Slight Delay e Tsuri.
Fluirá até às 22h, com serviço de bar e veggie burgers disponíveis. Entradas a 5€, na porta, em numerário apenas.
NOITE PRÍNCIPE c/ PML Beatz, Firma do Txiga, DJ Firmeza
Poster por Márcio Matos.
PML Beatz - https://soundcloud.com/pml-beatz
Puto Anderson - https://soundcloud.com/anderson-teixeira
DJ NinOo - https://soundcloud.com/jos-pereira-6
K30 - https://soundcloud.com/joel-correia-930570134
DJ Wayne - https://soundcloud.com/firma-do-txiga
DJ Firmeza - https://soundcloud.com/dj-firmeza
Filho Único Apresenta Catarata + Arrogance Arrogance
Na noite das Bruxas, edição com os Catarata ao vivo - André Tasso, Bruno Humberto e João Ferro Martins, de Lisboa. De e com entre várias fontes sonoras e por fora de processamento e arranjos ora uivados ora sossegados, o trio de formas livres tem tudo pra não se enredar, e espalhar.
O Dj set fica entregue a Arrogance Arrogance, guri insubordinado da Invicta de enorme magia na selecção musical.
Catarata - https://soundcloud.com/thfcatarata
Arrogance Arrogance - https://www.mixcloud.com/alinea_a/alinea-a-447-arrogance-arrogance
Filho Único Apresenta Margarida Garcia Manuel Mota + Silvestre + Varela
Tamos cá na noite de 22 apresentando concertos de Margarida Garcia Manuel Mota e Silvestre. A Margarida (contrabaixo eléctrico) e o Manuel (guitarra eléctrica) são um par criativo regular de há já muitos anos, sustentado pela sua inspiradora amizade e uma atitude e entrega artística cúmplice e sem barreiras, focados no tocar, uma prática de dia-a-dia. Em termos de publicações mais recentes, há a cassette ‘Earth Rundown’ do duo na Sloow Tapes lançada o ano passado, e lembramos-nos de ‘Lacrau’, LP do Manuel em duo com David Grubbs que saiu no Verão.
Silvestre, tuga londrino sócio da editora Padre Himalaya, vem tocar um live da sua música de danças se quiseres. Batidas lentas, médias, ou inexistentes, transmissões mais ou menos guinada do centro pavimentado da pista 4/4, arrojado na paleta instintiva do que vai compondo e soando bem e fresco e seu.
Varela é um Dj que acerta vez após vez nas suas selecções e não olha pra trás, pra além de se vestir esperto e ser dos mais hilários grammers da praça.
Margarida Garcia Manuel Mota "Earth Rundown" (2017, Sloow Tapes - CS 40) - https://soundcloud.com/sloowtapes/margarida-garcia-and-manuel-mota
Silvestre - https://soundcloud.com/silvestre_hy
Varela - https://soundcloud.com/varelapt
LuXX #18: Maria Reis + Sreya + G Fema + Shaka Lion + Dj Marcelle + Filho Único Djs
Em mais uma festa 'LuXX', de celebração dos 20 anos do Lux Frágil, a Filho toma conta do programa no piso do Bar da discoteca de Santa Apolónia.
A noite terá início com selecção musical pelos membros da Filho Único, seguindo-se um espectáculo ao vivo inédito reunindo em palco Maria Reis, Sreya e G Fema, servidas pelo Dj Shaka Lion. Cada uma destas autoras e intérpretes tomará a sua vez para uma actuação das suas canções mais recentes, lançadas pelo Dj brasileiro conhecido pelo seu gosto de ritmos & melodias transfronteiriços.
Maria Reis, fundadora e compositora nas excelsas Pega Monstro entretanto em pousio, já editou um primeiro EP a solo no último ano com selo Cafetra Records, e encontra-se a preparar o registo do seu primeiro LP em nome próprio.
Sreya, revelada pelo seu disco ‘Emocional’ no ano passado, arquitectado em colaboração com Conan Osiris, é uma cantora de eurosons sem soberba ente a urbe e a suburbia.
G Fema, doce e feroz MC da Zona M, Chelas, tem sido uma voz criativa no rap street tuga rimando em criolo sampadjudo há mais de uma década.
Resto da festa é por conta da holandesa Dj Marcelle, das Djs mais fixes que se pode ter a alegria de receber, pela liberdade de pensamento e instinto transgressor inspirador. Confiem, thee nicest mess que se pode ouvir e dançar.
Maria "Maria" (2017, Cafetra Records) - https://cafetrarecords.bandcamp.com/album/maria-ep
Sreya "Emocional" (2017, edição da autora) - https://sreya.bandcamp.com/releases
Shaka Lion - https://soundcloud.com/shaka-lion
Dj Marcelle- http://www.anothernicemess.com
Dj Marcelle - https://soundcloud.com/marcelle
Mais informações em https://www.luxfragil.com
Filho Único Apresenta Ubaldo + DJ Tempos Livres + DJ Narciso
Derradeira noite da F. Ú. no Lounge este ano que terá início com um concerto de Ubaldo, nom de plume do artista multidisciplinar catalão Andreu G. Serra para os seus ofícios em música. Também editor por detrás do selo underground Boira Discos e entretanto sediado em Bruxelas, faz uma música airosa inspirada no cânone norte-americano desconstrucionista > transformista da guitarra eléctrica - ecos da Magic Band de Beefheart até Jim O’Rourke e Bill Orcutt, foi tudo digerido e interpretado com sensibilidade & baseados, a julgar pelo disco “La pèrdua de l’estat” do ano passado.
DJ Tempos Livres é quem pega na selecção a ouvir no PA no período seguinte, sabendo-se do seu pendor por música vintage do continente africano e traps, raps & afro tuga kuds dos tempos modernos.
Pro final recebemos DJ Narciso, líder DJ e principal produtor a par de Nuno Beats na crew RS Produções, que acabam de lançar o seu poderoso EP de estreia “Bagdad Style” na Príncipe.
Ubaldo - https://boiradiscos.bandcamp.com/album/la-p-rdua-de-lestat
DJ Tempos Livres - https://soundcloud.com/temposlivres
DJ Narciso - https://soundcloud.com/djnarcisorsprod
RS Produções “Bagdad Style” (2018, Príncipe) - https://principediscos.bandcamp.com/album/bagdad-style